Revisões científicas indicam que, apesar de necessária ao organismo, a vitamina C não oferece proteção comprovada contra gripe ou resfriado nem reduz significativamente a duração dessas infecções.
vitamina C e expectativas populares
A crença de que o ácido ascórbico atua como barreira imediata contra vírus respiratórios consolidou-se nas últimas décadas, impulsionada por suplementos disponíveis em farmácias e pela recomendação tradicional de consumir frutas cítricas em dias frios.
Essa percepção levou muitos consumidores a aumentar a dose diária do nutriente com a intenção de evitar sintomas, mas pesquisadores não identificaram relação direta entre ingestão elevada e menor incidência de quadros gripais na população geral.
vitamina C e função orgânica
Solúvel em água, a vitamina C precisa ser reposta regularmente por meio de alimentação variada que inclua laranja, acerola, goiaba, pimentão e outros vegetais coloridos, pois o corpo não armazena grandes quantidades do composto.
No organismo, ela participa da produção de colágeno, auxilia na cicatrização, contribui para a absorção de ferro de origem vegetal e exerce papel antioxidante, protegendo células contra danos causados por radicais livres.
A substância também apoia processos do sistema imunológico, favorecendo a atividade de linfócitos e fagócitos, mas esse suporte não se traduz em efeito isolado capaz de bloquear infecções virais.
Estudos controlados demonstram que suplementar o nutriente além das recomendações diárias — cerca de 75 mg para mulheres e 90 mg para homens adultos — não gera reforço extra mensurável na defesa contra vírus influenza ou rinovírus, principais agentes de gripe e resfriado.
Em atletas submetidos a treinos intensos ou pessoas expostas a frio extremo, pequenas reduções na duração dos sintomas foram observadas, porém esses resultados não se repetiram em grupos com rotina comum.
Pesquisadores atribuem a discrepância a fatores como estresse físico, demanda energética e condições ambientais, que podem alterar a resposta imunológica e, assim, modular o efeito de micronutrientes.
Mesmo nesses cenários específicos, a redução encontrou-se limitada a poucas horas de enfermidade, sem alteração relevante na gravidade do quadro clínico.
Médicos alertam que doses muito acima do necessário podem provocar desconfortos gastrointestinais e, em casos raros, favorecer formação de cálculos renais, já que o excesso é excretado pela urina.
As principais agências de saúde mantêm a ingestão tolerável de vitamina C em 2 000 mg diários para adultos, margem suficiente para evitar riscos e cobrir variações individuais de absorção.
Além disso, especialistas recomendam priorizar fontes naturais, porque alimentos carregam outros nutrientes importantes e fibras que contribuem para o funcionamento geral do organismo.
A manutenção da imunidade depende de múltiplos fatores, como sono adequado, prática regular de atividade física, vacinação atualizada e dieta equilibrada com variedade de vitaminas, minerais, proteínas e gorduras saudáveis.
Nesse contexto, a vitamina C atua como parte de uma engrenagem maior, facilitando processos biológicos, mas sem efeito isolado comparável a medicamentos antivirais ou a prevenção vacinal.
Assim, confiar somente em suplementos para evitar gripe ou resfriado pode levar à falsa sensação de segurança e atrasar medidas reconhecidas, como higiene frequente das mãos e busca de atendimento quando necessário.
Embora as empresas mantenham oferta abundante de comprimidos efervescentes e cápsulas, pesquisadores reforçam que esses produtos devem ser encarados como complemento, não como solução única de saúde.
Para atingir a recomendação diária, duas porções de fruta cítrica ou um copo de suco natural costumam bastar, dispensando megadoses que sobrecarregam o bolso sem benefício comprovado.
Em resumo, a literatura científica atual sustenta que a vitamina C é essencial ao equilíbrio metabólico, mas não substitui práticas preventivas consolidadas contra doenças respiratórias, nem reduz de forma substancial o tempo de recuperação após o início dos sintomas.