Vídeos de IA com Laura Bolsonaro ganham força nas redes
Publicações que utilizam inteligência artificial para simular falas de Laura Bolsonaro, de 13 anos, circulam em plataformas digitais desde o início do ano. As peças trazem mensagens de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e pedem engajamento imediato dos usuários, com chamadas como “cliquem em todos os botões ao lado”.
Embora apresentem imagens reais ou versões digitais da adolescente, não há registros de que a família tenha autorizado o uso das fotos ou da voz. O material reproduz recursos de clonagem de voz e animação facial, capazes de gerar vídeos convincentes em poucos minutos.
Quem produz e compartilha os vídeos
As contas que divulgam os conteúdos não se identificam. A maioria apresenta perfis alinhados ao bolsonarismo e solicita comentários indicando cidade de origem, além de curtidas e compartilhamentos. O apelo emocional de uma jovem aliada à urgência política tem impulsionado o alcance, favorecido pelos algoritmos das redes.
Como a inteligência artificial acelera a manipulação de imagens
Ferramentas de IA generativa permitem criar discursos em vídeo a partir de uma única fotografia. Softwares de clonagem vocal reproduzem timbres de voz com poucos segundos de áudio de referência. Já programas de animação facial sincronizam movimentos labiais ao texto escolhido.
Para o público sem familiaridade tecnológica, a detecção da manipulação é difícil. Outro grupo, simpático à narrativa, compartilha o conteúdo mesmo percebendo a fabricação. O resultado é a rápida viralização de mensagens políticas não autênticas.
Risco de censura e dilema das plataformas
Redes sociais costumam proibir a publicação de conteúdo que manipule imagens de crianças sem autorização. No entanto, ao remover vídeos de Laura Bolsonaro, as empresas podem ser acusadas de censura política. Esse impasse tende a se agravar à medida que as eleições de 2026 se aproximam.
Eleições de 2026: Bolsonaro digital pode substituir Bolsonaro real
A antropóloga Isabela Kalil lembra que Jair Bolsonaro pode enfrentar prisão ou restrições judiciais em 2026, o que limitaria sua presença nas redes. Nesse cenário, avatares e vídeos sintéticos surgem como alternativa para manter o ex-presidente em evidência, contornando eventuais impedimentos legais.
Se a “Laurinha digital” demonstra alto poder de engajamento, avatares de Bolsonaro ou de aliados podem replicar a estratégia em escala maior, pressionando a fiscalização eleitoral e complicando a checagem de autenticidade.
Legislação eleitoral e lacunas atuais
A resolução do Tribunal Superior Eleitoral que valeu para 2022 proibiu o uso de avatares e exigiu a identificação de conteúdos sintéticos. Nos vídeos de Laura Bolsonaro, não há sinalização de que se trata de material criado por IA, descumprindo a norma.

Imagem: uol.com.br
Em 2024, o TSE registrou casos isolados de áudios falsos e imagens manipuladas, mas em volume inferior ao esperado. Para 2026, especialistas apontam a necessidade de atualizar regras, acelerar processos de remoção e ampliar campanhas de educação midiática.
Moderação, transparência e responsabilidade do público
Plataformas de rede social terão de equilibrar a proteção de menores com a liberdade de expressão política. Derrubar vídeos sem transparência pode gerar acusações de viés ideológico; mantê-los pode expor adolescentes e difundir desinformação.
Organizações de checagem destacam que a identificação de deepfakes exige cruzar metadados, analisar padrões de voz e confrontar declarações com registros oficiais. No entanto, a circulação maciça de conteúdos sintéticos pode sobrecarregar verificadores e retardar correções.
Para especialistas em desinformação, o comportamento do usuário é peça central. Curtidas, compartilhamentos e comentários impulsionam algoritmos que priorizam engajamento. Sem análise crítica, a audiência amplia o alcance de materiais manipulados e dificulta a ação regulatória.
Próximos passos até 2026
O TSE deverá revisar a regulamentação sobre avatares políticos, definir sanções mais ágeis e reforçar exigências de rotulagem de conteúdos criados por IA. Já as plataformas precisam aprimorar sistemas de detecção automática e oferecer canais de denúncia específicos.
Analistas projetam que a eleição de 2026 marcará um teste decisivo para a integridade da informação no Brasil. O volume de vídeos sintéticos deve crescer, exigindo cooperação entre Justiça Eleitoral, empresas de tecnologia, partidos e sociedade civil para conter o uso indevido de imagens, especialmente de crianças.
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