Tumba revela vestígios preservados
Arqueólogos do Projeto Internacional de Pesquisa Arqueológica de San Giuliano localizaram uma tumba etrusca selada, esculpida em rocha, datada do século VII a.C.
A estrutura foi descoberta na antiga cidade de San Giuliano, cerca de 70 quilômetros ao norte de Roma, e apresenta um estado de conservação considerado excepcional.
Segundo a equipe, trata-se da primeira sepultura intacta registrada no local desde o início das escavações em 2016.
Mais de 600 tumbas já foram catalogadas na área, porém todas mostravam sinais de saque ou danos anteriores.
A construção recém-exposta foi talhada na forma de uma pequena casa, característica típica dos rituais funerários etruscos do período.
No interior, os pesquisadores identificaram restos mortais de quatro pessoas, inicialmente classificados como dois homens e duas mulheres.
A confirmação das identidades dependerá de análises osteológicas e genéticas que ainda serão conduzidas pelo laboratório do projeto.
Os indivíduos foram sepultados em nichos separados, rodeados por um conjunto variado de oferendas.
Foram catalogados aproximadamente 100 artefatos, entre cerâmicas finas, armas, ornamentos de bronze e acessórios de cabelo.
A diversidade e a quantidade dos objetos sugerem que os enterrados pertenciam a um grupo social de destaque na comunidade local.
Itens como pontas de lança, fivelas trabalhadas e recipientes pintados podem esclarecer funções sociais, crenças religiosas e intercâmbios comerciais da época.
Os especialistas destacam que poucas sepulturas etruscas permanecem intactas devido à atividade de saqueadores desde a Antiguidade.
Por isso, cada objeto será documentado em detalhes, criando um registro digital que servirá de base para estudos comparativos.
O conteúdo da tumba também deverá ajudar a reconstruir práticas rituais, como a disposição dos corpos e o posicionamento das oferendas.
Tumba oferece janela para a cultura etrusca
A civilização etrusca ocupou a Itália central antes da ascensão de Roma, alcançando o auge no século VI a.C.
Após sucessivos conflitos, o território etrusco foi incorporado à República Romana no primeiro século a.C., e muitos costumes locais foram gradualmente absorvidos ou abandonados.
Estudos de sepulturas preservadas, como a recém-achada em San Giuliano, ajudam a preencher lacunas sobre religião, estratificação social e contato com povos vizinhos.
O formato de “casa” entalhada na rocha reflete a crença etrusca de que os mortos continuavam a “habitar” um espaço próprio.
Essa representação doméstica, associada a armas e utensílios do cotidiano, indica uma visão de vida após a morte que valorizava status e atividades terrestres.
Os arqueólogos pretendem empregar tomografia computadorizada para examinar resíduos orgânicos em vasos selados, buscando traços de alimentos ou substâncias rituais.
Análises químicas nos metais devem revelar tecnologias de fundição e possíveis rotas de aquisição de matérias-primas.
Resultados preliminares já sugerem ligações comerciais com outras comunidades da Etrúria e, possivelmente, com colônias gregas da península.
O achado acrescenta dados importantes a um projeto que, nos últimos oito anos, vem mapeando a paisagem funerária de San Giuliano.
Com a nova tumba intacta, pesquisadores ganham a chance de comparar práticas em diferentes estratos sociais e fases históricas da mesma cidade.
A equipe planeja publicar relatórios detalhados nos próximos meses, integrando escaneamentos 3D, fotografias de alta resolução e descrições arqueométricas.
Os artefatos permanecerão sob guarda em laboratório temporário até a conclusão dos estudos, quando deverão ser encaminhados a museus regionais.
Autoridades locais ressaltam que a proteção do sítio permanece prioridade, e novas escavações estão condicionadas a medidas de segurança contra furtos.
A descoberta reforça a importância de San Giuliano como um dos principais núcleos de pesquisa sobre a Etrúria pré-romana.
Com material inédito e contexto selado, a tumba oferece subsídios raros para compreender a complexa sociedade que antecedeu a dominação de Roma.