Simulações conduzidas por astrônomos da Universidade do Havaí apontam que a Terra pode abrigar, em média, 6,5 corpos naturais de pequeno porte chamados de mini-luas. Esses objetos são pedaços da própria Lua que entram temporariamente em órbita terrestre antes de retomarem o caminho ao redor do Sol.
O que são as mini-luas e como são classificadas
Não existe uma definição oficial, mas estudos anteriores sugerem que uma mini-lua é qualquer objeto preso gravitacionalmente à Terra por tempo limitado, capaz de completar ao menos uma volta completa ao redor do planeta e aproximar-se até quatro vezes a distância Terra-Lua em algum ponto da trajetória.
Esses satélites diminutos podem ter origem em diversas regiões do Sistema Solar, porém a nova pesquisa foca nos fragmentos ejetados diretamente da superfície lunar. Ao colidir com a Lua, meteoros lançam material para o espaço; parte desse entulho é puxada pela gravidade terrestre, transformando-se em mini-luas.
Estudo prevê média de 6,5 mini-luas simultâneas
O grupo liderado por Robert Jedicke analisou o comportamento de partículas arremessadas da Lua e simulou milhões de trajetórias possíveis. Os resultados, que serão publicados em setembro na revista Icarus, indicam que cerca de um quinto desse material consegue ficar preso à Terra por algum tempo.
Com base no volume estimado de detritos lunares, os pesquisadores calcularam que, a qualquer momento, pode haver aproximadamente 6,5 mini-luas em órbita terrestre. O número não é fixo: cada objeto permanece capturado por cerca de nove meses, sendo então substituído por novos fragmentos que chegam em rota semelhante.
Como os fragmentos chegam à órbita da Terra
Impactos que lançam material da superfície lunar
Quando um meteoróide atinge a Lua, a falta de atmosfera favorece a expulsão de material. Esses estilhaços saem da gravidade lunar a alta velocidade. A maioria segue para uma órbita heliocêntrica, mas uma fração cruza a região de influência gravitacional da Terra.
Captura gravitacional temporária
Ao se aproximarem do planeta, alguns fragmentos perdem energia suficiente para ficarem presos, realizando uma verdadeira dança orbital. Esse “passo de salão”, como descreve Jedicke, dura até que influências do Sol ou de outros corpos perturbem o objeto, enviando-o novamente para o espaço interplanetário.
Desafios na detecção das mini-luas
O tamanho reduzido e a velocidade elevada tornam essas rochas difíceis de localizar por telescópios. Se a quantidade prevista fosse exata, encuestas ópticas atuais deveriam flagrar mais exemplos, destaca Jedicke. A escassez de observações sugere grande margem de incerteza nas simulações.

Imagem: zap.aeiou.pt
Além da dimensão diminuta, as mini-luas variam rapidamente de brilho e posição, exigindo monitoramento frequente. Muitos objetos deixam a órbita terrestre antes mesmo de serem identificados, complicando a tarefa de confirmar a presença do número estimado.
Margem de erro envolve várias ordens de magnitude
Os autores admitem que o resultado nominal pode estar longe da realidade. A quantidade exata depende de fatores como frequência de impactos na Lua, distribuição de velocidades iniciais dos fragmentos e eficiência na captura gravitacional. Pequenas mudanças em qualquer parâmetro alteram drasticamente o total previsto.
A incerteza é tão ampla que os pesquisadores evitam cravar um intervalo confiável. Ainda assim, o estudo fornece uma primeira aproximação da população de satélites temporários de origem lunar, apontando caminhos para futuras investigações observacionais.
Próximos passos da pesquisa sobre mini-luas
Com o lançamento de levantamentos ópticos mais sensíveis e sistemas automáticos de rastreamento, a expectativa é detectar novos candidatos nos próximos anos. A confirmação desses corpos ajudará a refinar modelos dinâmicos e a entender melhor o ciclo de detritos entre a Lua, a Terra e o espaço solar.
Além do interesse científico, mini-luas podem servir como alvos acessíveis para missões robóticas de curta duração. Contudo, a curta permanência em órbita exige planejamento rápido para qualquer iniciativa de exploração ou coleta de amostras.