Usuários do Telegram nos Estados Unidos passaram a enviar, receber e armazenar criptomoedas dentro do próprio mensageiro, sem recorrer a aplicativos externos ou logins adicionais. A novidade resulta da incorporação da TON Wallet, solução autocustodial desenvolvida pela The Open Platform (TOP) sobre a blockchain TON.
Carteira amplia alcance do Telegram
O recurso foi disponibilizado nesta semana para toda a base norte-americana do aplicativo, que já supera um bilhão de contas ativas no mundo. Com a mudança, o Telegram entra formalmente no mercado cripto dos EUA, área em que antes atuava de forma limitada por questões regulatórias.
A TON Wallet contabiliza mais de 100 milhões de usuários globais em 2024. Agora, esse público ganha acesso a transferências ponto a ponto, compra de tokens por meio da provedora MoonPay sem cobrança de taxas e opção de staking direto na carteira.
Para aumentar a adoção, a empresa eliminou etapas consideradas complexas para iniciantes. Não é preciso baixar softwares complementares nem memorizar frases de segurança, prática comum em carteiras descentralizadas. O backup das chaves é dividido entre o Telegram e o e-mail do usuário, mecanismo que promete simplificar a recuperação de contas.
Carteira desafia concorrentes do setor
Segundo Andrew Rogozov, diretor-executivo da TOP, a presença crescente de usuários norte-americanos e o cenário regulatório mais definido motivaram o lançamento. O objetivo declarado é reduzir atritos e viabilizar transferências financeiras sem fronteiras dentro do ecossistema de mensagens.
Embora o Telegram tenha encerrado seu projeto inicial ligado a tokens em 2020 após pressão da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), a companhia continuou a apoiar soluções baseadas na TON. Entre elas estão NFTs, miniaplicativos e agora a carteira nativa que passa a operar no maior mercado consumidor de criptomoedas.
A entrada direta do mensageiro no segmento aumenta a competição com plataformas como Cash App e Coinbase, que oferecem serviços semelhantes. A vantagem do Telegram reside na integração imediata com uma base de milhões de usuários que já utilizam o aplicativo para comunicação diária.
Analistas apontam que a conveniência de executar transações P2P sem sair da interface principal pode acelerar o uso de stablecoins em pagamentos e remessas internacionais. A possibilidade de staking dentro do chat também pode atrair investidores interessados em rendimento passivo.
No modelo autocustodial adotado, o usuário mantém controle integral das chaves privadas, característica que agrada a quem busca soberania sobre os ativos digitais. Ao mesmo tempo, o sistema de backup duplo tenta mitigar riscos de perda definitiva de fundos.
A MoonPay, parceira responsável pelo on-ramp, viabiliza a conversão de moeda fiduciária para criptomoedas sem repassar tarifas extras ao usuário final. Essa isenção, porém, não elimina eventuais taxas de rede cobradas pela blockchain em cada transação.
Em termos técnicos, a carteira suporta stablecoins e tokens emitidos na rede TON, mas a TOP sinaliza expansão futura para outros ativos compatíveis. Não foi divulgado cronograma específico para a inclusão de novas criptomoedas ou para a chegada de recursos adicionais.
A interface segue o padrão do mensageiro: o envio de valores é feito em uma janela de chat, similar ao compartilhamento de imagens ou documentos. Para receber, o usuário gera um endereço ou compartilha código QR dentro da conversa.
O Telegram não informou metas de adoção nos Estados Unidos nem revelou projeções de volume de transações. A empresa, porém, reforçou que o lançamento representa etapa estratégica para consolidar serviços financeiros integrados ao ecossistema de mensagens.
Observadores do mercado aguardam a reação de reguladores locais, especialmente após o histórico de embates entre a SEC e a plataforma. Até o momento, não foram registradas contestações públicas sobre a nova funcionalidade.
Com a estreia da TON Wallet no território norte-americano, o Telegram fortalece sua posição na economia digital ao oferecer experiências financeiras diretas, mantendo foco em simplicidade de uso e controle do usuário sobre os próprios criptoativos.