Cometa 3I/ATLAS
O Observatório Vera C. Rubin, ainda em fase de comissionamento, identificou o cometa interestelar 3I/ATLAS em imagens capturadas em 21 de junho, dez dias antes de sua descoberta formal pelo projeto ATLAS em 1º de julho.
Ao localizar os registros preliminares, astrônomos reuniram dados colhidos entre 21 de junho e 7 de julho, permitindo confirmar a natureza cometária do objeto e monitorar a rápida evolução de sua coma.
Cometa 3I/ATLAS no Rubin
As imagens indicam que a atmosfera difusa ao redor do núcleo, a coma, já alcançava dimensões semelhantes às do planeta Terra em junho e, desde então, expandiu-se para um raio próximo de três mil quilômetros.
Com base no brilho medido, os pesquisadores estimam que o núcleo sólido do 3I/ATLAS possua cerca de 5,6 quilômetros de diâmetro, tornando-o maior que os dois objetos interestelares previamente registrados, ‘Oumuamua e Borisov.
O artigo que descreve os resultados foi disponibilizado no repositório arXiv, ainda sem revisão por pares, mas apresenta análises fotométricas e orbitais que reforçam a origem extrassolar do corpo celeste.
Comparado aos visitantes anteriores, o novo cometa avança pelo Sistema Solar em velocidade aproximadamente duas vezes superior, sinalizando diferenças significativas em trajetória e composição.
A equipe observa que o 3I/ATLAS pode ter se formado antes mesmo do nascimento do Sistema Solar, hipótese levantada a partir de modelos dinâmicos que rastreiam sua órbita até regiões externas da Via Láctea.
Durante o comissionamento, o Rubin calibra sistemas ópticos, sensores e softwares, condição considerada rotineira para equipamentos de grande porte que ainda não entregam dados científicos de forma contínua.
Os pesquisadores destacam que, se o observatório estivesse operando em regime regular, provavelmente teria anunciado a presença do cometa antes do ATLAS, reforçando a capacidade do instrumento para localizar objetos de passagem rara.
Os responsáveis pela pesquisa projetam que, ao longo dos dez anos da iniciativa Legacy Survey of Space and Time (LSST), o Rubin poderá identificar entre cinco e cinquenta corpos interestelares semelhantes.
Essa previsão baseia-se na área coberta pelo telescópio, na profundidade dos levantamentos e na frequência estimada de objetos que atravessam o plano do Sistema Solar vindos do espaço interestelar.
O 3I/ATLAS torna-se, assim, o terceiro viajante extrassolar catalogado, ampliando a amostra disponível para estudos sobre a formação de sistemas planetários e a distribuição de material além da fronteira heliosférica.
A confirmação pré-operacional do cometa ressalta o potencial do Observatório Vera C. Rubin para fornecer alertas rápidos e conjuntos de dados extensos sobre fenômenos de curta duração, mesmo antes do início oficial de sua missão científica.
Além do avanço específico, o episódio demonstra como a integração de diferentes programas de vigilância celeste pode antecipar descobertas e enriquecer o conhecimento sobre objetos que cruzam o Sistema Solar.