Desde 2020, o Google transforma aparelhos Android em uma rede global de detecção sísmica capaz de avisar a população antes que as ondas mais fortes cheguem.
Android contra terremotos
O Android Earthquake Alert está presente em 98 países e utiliza os acelerômetros dos smartphones para registrar as primeiras ondas P e S de um tremor.
Quando vários telefones percebem o mesmo movimento, os dados seguem para os servidores do Google, que calculam epicentro, magnitude inicial e área potencialmente afetada.
Essa operação acontece em segundos, permitindo que o alerta seja transmitido para usuários próximos com até 60 segundos de vantagem sobre o abalo principal.
Entre 2021 e 2024, o sistema emitiu 1.279 alertas, dos quais apenas três foram classificados como falsos positivos, segundo artigo publicado na revista Science.
No mesmo período, milhões de pessoas receberam notificações; só na Turquia e na Síria meio milhão foi avisado antes do terremoto de magnitude 7,8 em fevereiro de 2023.
Em média, 60 mensagens são enviadas a cada mês, alcançando 18 milhões de usuários que optaram por manter o recurso ativo no aparelho.
A iniciativa não cobra qualquer valor, basta que o usuário possua Android a partir da versão 5.0, conexão de dados e serviço de localização habilitado.
Android amplia cobertura sísmica
O projeto surgiu para complementar redes de sismógrafos tradicionais, ausentes em vários países ou concentradas nas principais cidades.
Com bilhões de celulares em circulação, a densidade de sensores improvisados supera a de estações fixas, sobretudo em regiões rurais ou de difícil acesso.
Além da capilaridade, os telefones permanecem próximos às pessoas, fator que reduz o tempo entre a detecção e o aviso direto a quem está em risco.
Durante o terremoto de 2023, a tecnologia identificou rapidamente o evento, mas subestimou a magnitude inicial, o que atrasou parte dos disparos.
Após a falha, engenheiros ajustaram o algoritmo de cálculo de energia sísmica; testes internos indicaram capacidade de emitir 10 milhões de alertas com precisão superior.
Mesmo com avanços, o Google ressalta que o sistema não pretende substituir modelos oficiais de alerta precoce geridos por agências governamentais.
A meta é funcionar como camada adicional de segurança, sobretudo em locais onde sirenes, rádio de emergência ou internet instável dificultam a comunicação.
Para ativar ou desativar o recurso, o usuário deve acessar as configurações de segurança do Android e selecionar “Alertas de terremoto”.
O procedimento não afeta a privacidade, pois os dados enviados incluem apenas leituras do sensor e coordenadas aproximadas, sem informações pessoais.
O Google afirma que continuará investindo em melhorias, integração com órgãos de defesa civil e expansão a novos idiomas para aumentar a eficácia global.
Enquanto isso, especialistas recomendam que, ao receber um aviso, a pessoa procure abrigo seguro, mantenha-se afastada de objetos soltos e aguarde o fim do tremor antes de deixar o local.