Sam Altman, CEO e cofundador da OpenAI, afirmou na terça-feira (22) que a inteligência artificial pode desencadear uma ampla crise de fraude, ao facilitar a falsificação de identidades em transações financeiras e outros serviços sensíveis.
Crise de fraude desafia sistemas de autenticação
O executivo falou durante debate sobre impactos econômicos da tecnologia no Federal Reserve, diante de representantes de grandes bancos. Ele observou que algumas instituições ainda usam reconhecimento de voz como autenticação, mesmo depois de a IA já conseguir imitar timbres humanos com precisão.
Segundo Altman, a tecnologia “derrotou” quase todos os métodos de verificação, exceto senhas fortes. Essa vulnerabilidade preocupa autoridades: o FBI emitiu alertas sobre golpes com voz clonada, que incluem pedidos de resgate falsos a famílias e tentativas de enganar autoridades usando áudios de figuras públicas, como o secretário de Estado norte-americano.
Altman destacou que o problema deve se agravar quando vídeo em tempo real, gerado por IA, se tornar indistinguível de chamadas verdadeiras. Ele teme uma escalada rápida do risco, transformando fraudes pontuais em ataque sistêmico à confiança em serviços digitais.
Estratégias para conter a fraude e impactos econômicos
Apesar do alerta, a OpenAI pede ao governo dos Estados Unidos que evite regulações que, em sua avaliação, limitem a capacidade das empresas locais de competir com desenvolvedores estrangeiros. Ainda em julho, o Senado aprovou dispositivo que impediria estados de legislar sobre IA por dez anos, tema que segue em discussão no Congresso.
A fala de Altman ocorreu quando a gestão Donald Trump prepara um Plano de Ação em IA. A OpenAI já enviou recomendações e vem ampliando presença no Capitólio: um escritório com cerca de 30 funcionários será inaugurado em Washington, DC, no início de 2026.
Chan Park, chefe de assuntos globais da empresa para EUA e Canadá, liderará a unidade ao lado de Joe Larson, que chega da Anduril para assumir a vice-presidência de governo. O espaço receberá formuladores de políticas, apresentará novas ferramentas, oferecerá treinamentos a professores e servidores e abrigará pesquisas sobre efeitos econômicos da tecnologia.
Para enfrentar golpes de personificação, Altman citou projetos paralelos, como a Worldcoin, que utiliza o dispositivo Orb para verificar se um usuário é humano. A proposta, ainda em testes, busca criar métricas de identidade menos vulneráveis às manipulações por software.
O executivo demonstrou receio adicional de que organizações criminosas tenham acesso a “superinteligência” antes de governos e instituições de defesa. Ele mencionou cenários de ataques à rede elétrica ou desenvolvimento de armas biológicas conduzidos por sistemas avançados, bem como a possibilidade de a China superar empresas norte-americanas na corrida tecnológica.
Altman também alertou para o risco de perda de controle sobre máquinas superinteligentes, meta que ele considera plausível na década de 2030, embora admita que o conceito ainda não possua definição clara. O debate envolve a distribuição de poder decisório entre humanos e algoritmos em ambientes críticos.
No campo trabalhista, o cofundador da OpenAI diz que “ninguém sabe” como o emprego será afetado. Ele prevê que muitas ocupações desaparecerão, outras surgirão e, em longo prazo, a noção de trabalho pode se tornar mais um “jogo de status” do que uma necessidade econômica.
A empresa divulgou relatório assinado pelo economista-chefe Ronnie Chatterji comparando o ChatGPT a inovações históricas como a eletricidade. O documento indica 500 milhões de usuários globais, dos quais 20% nos EUA recorrem ao chatbot como tutor de aprendizado, e mais da metade tem entre 18 e 34 anos.
Chatterji pretende estudar, com os economistas Jason Furman e Michael Strain, o impacto da IA na força de trabalho norte-americana. As análises ocorrerão no futuro escritório de Washington, reforçando a estratégia da OpenAI de associar pesquisa acadêmica, lobby regulatório e demonstrações práticas para moldar o debate sobre inteligência artificial.
Enquanto soluções de segurança são discutidas, a advertência de Altman sobre uma crise iminente de fraude reforça a urgência de revisar padrões de autenticação digital e de estabelecer protocolos para identificar conteúdos gerados por IA, antes que a confiança nos sistemas financeiros seja colocada em xeque.