Reconhecimento facial em São Paulo: pesquisa avalia impacto do Smart Sampa
O Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) analisou os resultados do programa Smart Sampa, implantado em 2024 pela Prefeitura de São Paulo, e concluiu que o uso de câmeras de reconhecimento facial não reduziu os principais indicadores de criminalidade da capital paulista.
Investimento de R$ 10 milhões por mês sustenta mais de 30 mil câmeras
Lançado com a promessa de revolucionar a segurança pública, o Smart Sampa recebe cerca de R$ 10 milhões mensais para operar um sistema com mais de 30 mil câmeras espalhadas pela cidade. A tecnologia foi apresentada como ferramenta capaz de ampliar a identificação de suspeitos, agilizar prisões e inibir delitos em locais de grande circulação.
Metodologia utilizou Diferença em Diferenças para medir efeitos
Para avaliar a efetividade do programa, os pesquisadores do CESeC aplicaram o método estatístico Diferença em Diferenças (DiD). O procedimento comparou a evolução dos índices criminais de São Paulo com os de municípios do interior do estado que não implementaram reconhecimento facial, entre o período anterior e o posterior à adoção do Smart Sampa.
Principais resultados do estudo: crimes mantêm patamar estável
Os dados apontaram aumento leve na taxa de furtos após a instalação das câmeras, sem significância estatística. Homicídios e assaltos permaneceram estáveis, e não houve variação relevante em prisões em flagrante ou por mandado judicial.
De acordo com Thallita Lima, coordenadora da pesquisa, “não há qualquer evidência de que o sistema tenha impactado a redução dos crimes analisados, nem contribuído para ampliar prisões em flagrante”.
Pesquisadores indicam alternativas de aplicação de recursos
Diante da ausência de resultados mensuráveis, o CESeC avalia que o investimento bilionário anual poderia ser redirecionado a ações com eficácia comprovada, como fortalecimento do policiamento comunitário, programas de prevenção em territórios vulneráveis, urbanismo social, políticas de juventude e ampliação da iluminação pública.
Prefeitura de São Paulo contesta conclusões do CESeC
Em nota, a administração municipal afirma que, desde o início do Smart Sampa, 2.965 pessoas foram presas em flagrante, 1.558 foragidos capturados e 79 pessoas desaparecidas localizadas com apoio da tecnologia. A Prefeitura também critica a comparação com cidades do interior, alegando realidades sociais, econômicas e criminais distintas da capital.

Imagem: reprodução via olhardigital.com.br
CESeC rebate críticas e mantém análise
O centro de estudos argumenta que os números absolutos divulgados pela Prefeitura refletem a continuidade das ações policiais, e não um efeito direto do reconhecimento facial. Segundo os pesquisadores, a escolha de municípios comparáveis foi controlada pela metodologia DiD, reconhecida em avaliações de políticas públicas.
Casos de identificação incorreta expõem limites do reconhecimento facial
Além da falta de impacto nos índices criminais, o estudo destacou episódios de erro de identificação registrados nos primeiros meses de 2025. Entre eles, um policial militar fardado confundido com um foragido, a prisão injusta de um jardineiro voluntário de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e o parto prematuro de uma mulher grávida erroneamente apontada como criminosa.
Os equívocos foram atribuídos a falhas de algoritmos, que apresentam maior probabilidade de erro na detecção de pessoas negras, e a bancos de dados desatualizados, onde mandados já revogados permaneciam ativos.
Debate sobre tecnologia e direitos civis permanece aberto
O relatório do CESeC reacende o debate sobre a adoção de reconhecimento facial em espaços públicos, seus custos e riscos. Enquanto a Prefeitura defende a expansão do sistema, pesquisadores e organizações da sociedade civil pedem transparência nas avaliações e a priorização de iniciativas com impacto comprovado na redução da violência.
{
“@context”: “https://schema.org”,
“@type”: “NewsArticle”,
“headline”: “Estudo aponta que reconhecimento facial do programa Smart Sampa não altera índices de criminalidade em São Paulo”,
“keywords”: [“reconhecimento facial”, “Smart Sampa”, “criminalidade”, “São Paulo”, “CESeC”],
“articleSection”: “Segurança Pública”,
“wordCount”: 650
}