A Proton lançou a plataforma Lumo, um chatbot de IA criado para executar tarefas de linguagem natural sem expor informações pessoais. A solução resume documentos, gera códigos, redige e-mails e realiza pesquisas pontuais, enquanto todos os dados permanecem armazenados localmente no dispositivo do usuário.
IA com criptografia de acesso zero
Para preservar o conteúdo manipulado, a empresa aplica criptografia de acesso zero, modelo em que apenas o titular da conta possui a chave de descriptografia. Dessa forma, nem a Proton nem terceiros podem abrir, compartilhar ou utilizar os dados para treinamento de algoritmos.
O mesmo padrão se estende às mensagens do histórico, aos arquivos analisados e às conversas mantidas na plataforma. Segundo a companhia, as solicitações nunca são repassadas a anunciantes, governos ou parceiros externos, o que se diferencia de serviços populares como ChatGPT, Gemini, Copilot e Meta AI.
Quando a busca on-line é necessária, o recurso vem desativado por padrão. Caso o usuário opte pela ativação, Lumo recorre apenas a motores de busca considerados mais seguros pela própria Proton.
Além disso, o chatbot processa arquivos enviados sem mantê-los nos servidores. Documentos armazenados no Proton Drive podem ser vinculados às interações, também sob proteção de ponta a ponta.
IA apoiada em modelos de código aberto
O Lumo opera com modelos de linguagem de código aberto hospedados em servidores europeus. Entre eles estão Mistral Nemo, OpenHands 32B e OLMO 2 32B. Cada modelo é selecionado conforme a natureza do pedido: por exemplo, o OpenHands da Nvidia é aplicado em solicitações de programação.
A escolha por modelos abertos evita dependência de fornecedores americanos ou chineses e reforça a proposta de transparência. Conforme a Proton, a arquitetura impede que consultas sejam repassadas a empresas externas ou integradas a parcerias comerciais.
O serviço pode ser acessado via navegador no endereço lumo.proton.me, atualmente em inglês, e por aplicativos para iPhone e dispositivos Android. Embora a interface inicial apareça em inglês, o sistema interpreta comandos em português sem limitações de entendimento.
Quem utiliza a plataforma sem criar conta tem direito a número restrito de prompts e não recebe histórico criptografado. Contas gratuitas ampliam o uso, liberando histórico seguro e envio de arquivos pequenos.
Para uso intensivo, há o plano Lumo Plus a R$ 31,19 mensais, que oferece conversas ilimitadas, mais espaço para arquivos e outras funcionalidades. Todos os níveis mantêm a mesma arquitetura de privacidade, com variação apenas na quantidade de recursos.
A Proton posiciona o Lumo como opção de IA mais segura em comparação a produtos de grandes empresas do setor. Durante o lançamento, a companhia chegou a comparar sua abordagem com a Apple Intelligence, destacando a ausência de parcerias com a OpenAI ou outras gigantes do Vale do Silício.
Especialistas lembram, contudo, que algumas críticas podem não se aplicar em todos os cenários. O site 9to5Mac, por exemplo, apontou que certas condições especiais também restringem o compartilhamento de dados entre Apple e OpenAI. Ainda assim, a Proton sustenta que a gestão local das chaves garante um nível adicional de controle para o usuário.
Com o Lumo, a empresa amplia seu portfólio de serviços focados em privacidade, que já inclui Proton Mail, Proton VPN, Proton Drive e Proton Calendar. O movimento reflete a demanda crescente por ferramentas de inteligência artificial que aliem produtividade a proteção de dados.
A plataforma segue em expansão gradual, e a Proton afirma que novos idiomas de interface, integrações e modelos poderão ser incorporados sem alterar o princípio central: manter todo o conteúdo sob posse exclusiva de quem utiliza o serviço.