Escorpiões como o amarelo (Tityus serrulatus) e o marrom (Tityus bahiensis) não dominam sozinhos o ambiente; uma série de animais atua como predadores e limita a proliferação desses aracnídeos.
Conhecer esses inimigos é relevante para o equilíbrio ecológico e para a saúde pública, já que o Brasil registrou 200 mil acidentes com escorpiões em 2023, sendo 48.655 ocorrências apenas no Estado de São Paulo.
Predadores que caçam escorpiões no Brasil
Entre os anfíbios, o sapo-cururu destaca-se: ele caça à noite, engole o escorpião antes da ferroada e apresenta proteínas que neutralizam parte do veneno, segundo estudos do Instituto Butantan.
A coruja-buraqueira também figura na lista; análises de pelotas indicam que escorpiões chegam a compor 15 % de sua dieta em áreas do Cerrado e da Caatinga, sobretudo exemplares com até 6 cm de comprimento.
No grupo dos artrópodes, a lacraia-gigante (Scolopendra viridicornis) ataca filhotes de escorpião usando veneno potente; embora eficiente no ambiente natural, não é indicada para controle porque sua picada provoca dor intensa em humanos.
Mamíferos como o tamanduá-mirim consomem escorpiões encontrados em troncos e folhas, ainda que o item represente menos de 5 % de sua alimentação; a língua longa e a pele das patas limitam o risco de ferroadas.
O gambá exerce papel mais expressivo: proteínas sanguíneas conferem resistência ao veneno e permitem que ele capture escorpiões adultos nas mesmas horas de atividade noturna, além de eliminar baratas, principal presa dos aracnídeos.
Ação de aves, répteis e galináceos contra escorpiões
Galinhas que ciscam livremente devoram escorpiões de vários tamanhos; bicadas rápidas evitam o ferrão, e o ácido estomacal degrada as toxinas, prática que, em propriedades rurais, já resultou em redução de até 70 % nos relatos de aparecimento.
Entre os répteis, o teiú supera um metro de comprimento, possui pele espessa e metabolismo que tolera o veneno; onívoro, vasculha solo, frestas e entulho, ingerindo escorpiões adultos quando os encontra.
Somados, esses predadores compõem barreira biológica que ajuda a explicar por que, mesmo em áreas favoráveis, os escorpiões raramente alcançam densidades maiores na natureza.
Em zonas urbanas, ações de limpeza, remoção de entulho, vedação de ralos e conservação de espécies como sapos, corujas e gambás formam uma estratégia integrada para diminuir o risco de acidentes com escorpiões.