Lead: A Nvidia, avaliada em mais de US$ 4 trilhões, viu o governo norte-americano proibir a venda de suas GPUs para a China, mas reverteu a medida após uma articulação direta de seu CEO, Jensen Huang, junto ao então presidente Donald Trump.
Proibição dos EUA ameaçou negócios da Nvidia na China
A decisão de Washington de vedar a exportação de chips avançados para Pequim colocou em risco um dos maiores mercados da companhia. A China responde por parcela significativa da demanda por GPUs empregadas em inteligência artificial, responsável pela escalada recente do valor de mercado da empresa.
Além do impacto imediato nas receitas, a restrição podia incentivar o desenvolvimento de semicondutores locais, reduzindo a dependência chinesa de tecnologia norte-americana. Essa perspectiva acendeu o alerta na Nvidia, que se mobilizou para evitar a perda de espaço e, ao mesmo tempo, proteger a liderança dos Estados Unidos no setor.
Como Jensen Huang reconquistou a Casa Branca
Apoio de investidores influentes
Sem obter resposta favorável em conversas iniciais com Trump, Huang acionou David Sacks, investidor veterano do Vale do Silício e conselheiro da Casa Branca em temas de criptoativos e IA. O executivo argumentou que limitar a empresa enfraqueceria a posição norte-americana, sem necessariamente frear o avanço chinês.
Interlocutores respeitados por Trump
O CEO também buscou apoio de líderes do Oriente Médio, destino de suas viagens após o Chip Act. Sauditas e Emirados reforçaram a importância dos semicondutores norte-americanos, criando correntes de pressão adicionais sobre Washington.
Afago público ao presidente
Em entrevista recente, Huang atribuiu o ritmo da manufatura nos Estados Unidos à “liderança” de Trump. Ele pontuou que a China não está “à frente nem atrás”, mas se aproxima rapidamente dos EUA em IA, alimentando o senso de urgência do governo.
Promessa de investimento bilionário em solo americano
Para consolidar o discurso, a Nvidia anunciou plano de US$ 500 bilhões em infraestrutura doméstica, com geração de empregos e expansão de fábricas. A medida reforçou a narrativa pró-indústria norte-americana, condição essencial para sensibilizar o ex-presidente.

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Negociações paralelas com outros mercados
Mesmo enquanto cortejava a Casa Branca, Huang manteve diálogo com parceiros de países vistos como adversários por Trump, preservando alternativas caso a restrição permanecesse. A postura mostrou que bloquear vendas poderia empurrar clientes estratégicos para fornecedores rivais.
Resultados da estratégia para Nvidia e para os EUA
Manutenção do padrão tecnológico norte-americano
Com a liberação parcial, as GPUs da companhia continuam presentes em centros de dados chineses, preservando a adoção de frameworks e ferramentas desenvolvidas nos EUA. Essa presença reforça o ecossistema de software alinhado aos padrões norte-americanos.
Risco de avanço chinês permanece
Ainda que limitada a versões com menor capacidade, a oferta de chips garante receita à Nvidia, mas não elimina a ameaça de alternativas locais. A Huawei, por exemplo, revelou processador próprio para IA, sinal de que o país asiático segue investindo na produção interna.
Analistas observam que a distribuição controlada pode retardar, mas não impedir, o progresso chinês. Caso Pequim reduza a dependência de componentes dos EUA, a hegemonia tecnológica americana enfrentará novo desafio.
Por ora, a Nvidia mantém a posição de fornecedora preferencial, enquanto Washington reforça sua cadeia de semicondutores. A manobra de Jensen Huang tornou-se referência para empresas que precisam equilibrar interesses comerciais e tensões geopolíticas em mercados estratégicos.