Música do “coelho desavisado” no TikTok alcança milhões e confronta conteúdo gerado por IA
Um vídeo de supostos coelhos pulando em um trampolim acumulou cerca de 230 milhões de visualizações no TikTok antes de muitos usuários descobrirem que, na verdade, se tratava de uma criação de inteligência artificial (IA). A revelação levou o artista Oliver Richman, conhecido na plataforma como @olivesongs11, a compor uma canção de 30 segundos que rapidamente ganhou vida própria.
Quem é Oliver Richman e o projeto das 576 músicas
Richman compôs a nova faixa no dia 576 de um desafio pessoal em que escreve uma música inédita diariamente. O artista já era reconhecido por trabalhos anteriores, como o musical sobre o mascote Punxsutawney Phil, mas relata que o compromisso diário “trouxe de volta a alegria de criar”.
Segundo declarou ao site Mashable, o músico também foi enganado pelo vídeo dos coelhos: “Eu tinha certeza de que eram reais”. Ao perceber o engano, decidiu transformar o episódio na composição do dia: “Pensei: ‘Esta é a música de hoje’”.
Letras simples, resposta gigante
A canção, apelidada pelos usuários de “unknowing bunny song” (“canção do coelho desavisado”), apresenta versos curtos que questionam a autenticidade de experiências em uma era de imagens fabricadas:
“There were bunnies that were jumping on a trampoline / And I just learned that they weren’t real / If a bot can inhabit / An unknowing rabbit / It might manufacture the way you make me feel…”
O vídeo original de Richman já ultrapassa 3,8 milhões de visualizações, soma cerca de 600 mil curtidas e reúne centenas de comentários que misturam surpresa, humor e reflexões sobre IA. Entre eles, comparações como “Bo Burnham! At The Disco” e alertas irônicos do tipo “Espere até ver o urso no trampolim. Spoiler: também é IA”.
Comunidade reage com versões e novas criações
O áudio do “coelho desavisado” inspirou covers, animações em stop-motion, vídeos de reação e outras peças desenvolvidas por usuários. Muitos criadores descrevem o fenômeno como “curador” em meio ao avanço de conteúdos automatizados. Um comentário destacado afirma: “O fato de esta música sobre IA viralizar é profundamente reconfortante. IA jamais criaria algo tão único e cheio de sentimento”.
Humanidade versus perfeição algorítmica
Richman descreve o retorno do público como “a experiência mais surreal” de sua carreira. Ele afirma se emocionar com cada obra derivada: “Ver toda essa arte humana me conecta à beleza da bagunça de ser humano e às imperfeições que a IA tende a apagar ou aperfeiçoar”.
Imagem: mashable.com
Especialistas em cultura digital observam que vídeos de “falsa vigilância” animal formam um novo subgênero de ‘AI slop’ — expressão usada para conteúdo produzido em massa por algoritmos com valor artístico questionável. Para Richman, no entanto, a avalanche de material automatizado reforça a importância da criação manual: “Arte humana é incrível. Isso me empolga”.
Por que o tema importa
O sucesso da música expõe discussões maiores sobre direitos autorais, mercado criativo e confiabilidade de mídias digitais. Artistas temem perder espaço para produções mecanizadas, enquanto plataformas buscam equilibrar inovação tecnológica e valorização do trabalho humano.
A trajetória do “coelho desavisado” mostra o potencial dos criadores independentes de transformar conteúdos virais — mesmo aqueles gerados por IA — em manifestações artísticas originais que reforçam laços entre comunidade e autenticidade.
Próximos passos de Richman
O artista continua postando canções diárias, mantendo a disciplina que o levou ao destaque. Embora não tenha anunciado novos projetos específicos, Richman pretende aproveitar a visibilidade para incentivar produções colaborativas. “Quando as pessoas se unem em torno de uma ideia simples, algo mágico acontece”, resume.
À medida que a IA conquista mais espaço nas redes, episódios como esse ampliam o debate sobre como distinguir, consumir e valorizar criações humanas em um cenário cada vez mais híbrido.
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