O lucro operacional da divisão de semicondutores da Samsung encolheu 94% entre abril e junho de 2025 em relação ao mesmo intervalo de 2024, informou a companhia nesta quinta-feira (31) na Ásia.
Embora a receita total do grupo tenha subido levemente, atrasos nas entregas e novas restrições dos Estados Unidos à exportação de chips avançados para a China prejudicaram o resultado do maior fabricante mundial de memórias.
Desempenho financeiro da Samsung no 2º trimestre de 2025
Lucro operacional encolhe
No trimestre, o lucro operacional consolidado somou US$ 3,37 bilhões, o menor patamar em seis trimestres e próximo da estimativa divulgada previamente pela empresa, que já havia frustrado parte do mercado.
Dentro desse montante, a divisão de semicondutores registrou ganho de US$ 287,97 milhões, ante US$ 4,67 bilhões apurados um ano antes, primeiro valor inferior a 1 trilhão de won em igual período desde o início de 2024.
Receita se mantém estável
A receita total cresceu 0,7%, alcançando US$ 53,70 bilhões, resultado em linha com as projeções internas.
Mesmo com o leve avanço, o aumento não compensou os custos extras provocados pelas restrições comerciais e pelos ajustes de estoque, o que comprimiu margens na área de chips.
Fatores que pressionaram a divisão de semicondutores
Atrasos logísticos e restrições dos EUA
A Samsung atribuiu a piora a atrasos na entrega de componentes e à limitação imposta por Washington à venda de semicondutores avançados para clientes chineses, medida que afetou diretamente seu negócio de fabricação sob contrato.
Segundo a empresa, os custos pontuais ligados às novas regras norte-americanas pesaram sobre o balanço do trimestre, reduzindo a rentabilidade dos volumes ainda permitidos.
Ajustes de estoque afetam margens
A companhia mencionou também ajustes contábeis no valor de estoques de memórias, prática usual quando a demanda desacelera e os preços recuam, fator que diminuiu adicionalmente o lucro operacional.
Com os ajustes, a despesa não recorrente corroeu parcela relevante do resultado, ampliando a diferença frente ao mesmo período de 2024, quando o mercado ainda comprava grandes quantidades de DRAM e NAND.
Perspectivas para o segundo semestre
Demanda por IA impulsiona otimismo
No comunicado, a Samsung afirmou prever recuperação gradual na segunda metade do ano, sustentada pela procura crescente por inteligência artificial e pelos investimentos contínuos de provedores globais de nuvem.

Imagem: Ascannio via olhardigital.com.br
Memórias de alta largura de banda — essenciais para processar modelos de IA — devem ganhar participação nas vendas, segmento no qual a empresa busca acelerar o lançamento de novas gerações para disputar espaço com concorrentes menores.
Riscos geopolíticos permanecem
A fabricante, porém, alertou para a desaceleração do crescimento mundial em cenário de incertezas comerciais e tensões geopolíticas.
O aviso chegou poucas horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar tarifa de 15% sobre produtos sul-coreanos, medida que pode pressionar margens em outras divisões.
Contratos e movimentos estratégicos
Acordo bilionário com a Tesla
Mesmo em ambiente adverso, a Samsung revelou recentemente um contrato de US$ 16,5 bilhões com a Tesla para fornecimento de semicondutores, acordo que deve reforçar a área de foundry ao longo dos próximos anos.
O acerto inclui chips avançados para sistemas de direção autônoma, ampliando a carteira de pedidos e ajudando a diluir a dependência da demanda tradicional por memória.
Investimentos de big techs
Grandes empresas de tecnologia, como Meta e Microsoft, destacaram em seus balanços aumento expressivo na compra de hardware para centros de dados de IA, tendência que favorece a divisão de chips da Samsung no médio prazo.
Além disso, analistas apontam que a expansão de serviços em nuvem deve sustentar pedidos por memórias de alto desempenho, segmento em que a sul-coreana pretende intensificar a produção na segunda metade de 2025.
Na Bolsa de Seul, as ações da Samsung subiram 0,7% nesta quinta-feira (31), acompanhando o avanço do índice de referência, reação considerada modesta diante dos desafios ainda presentes no negócio de semicondutores.