LeBron James reage ao uso não autorizado de imagem em IA
LeBron James enviou uma notificação extrajudicial à FlickUp, responsável pela ferramenta Interlink AI, exigindo a suspensão imediata de conteúdos que utilizam sua aparência sem permissão.
A medida, revelada no fim de junho em um canal do Discord da empresa, coloca o astro da NBA entre as primeiras figuras públicas a adotar ação legal contra deepfakes.
O documento foi endereçado pelos advogados do jogador e aponta violação de direitos de imagem.
Carta de notificação paralisa ferramenta Interlink AI
Jason Stacks, fundador da FlickUp, confirmou ter recebido a notificação e afirmou que precisou agir em menos de 30 minutos para atender às exigências.
O executivo comunicou aos usuários que todos os “rostos realistas” seriam bloqueados no software, admitindo em vídeo que estava “em sérios apuros”.
Mesmo após a remoção, o episódio reacendeu o debate sobre a responsabilidade de plataformas que permitem a criação de deepfakes.
Ferramenta permitia deepfakes de atletas da NBA
Hospedada no Discord, a Interlink AI oferecia comandos simples para gerar vídeos de alto realismo com estrelas do basquete, como Stephen Curry, Nikola Jokić e o próprio LeBron.
Grande parte do conteúdo trazia animações divertidas, mas algumas produções ultrapassaram limites éticos e legais.
Entre elas, circulou a imagem de James acariciando uma barriga de grávida, criada sem qualquer contexto ou consentimento.
Vídeos chegaram a milhões de visualizações nas redes
O caso mais extremo envolveu um vídeo que simulava o rapper Sean “Diddy” Combs abusando sexualmente de Curry em um cenário carcerário, enquanto James aparecia ao fundo.
A gravação somou mais de 6,2 milhões de visualizações no Instagram antes de ser retirada, evidenciando a velocidade de disseminação desses materiais.
Especialistas alertam que o alto engajamento amplia o dano à reputação das vítimas e dificulta o controle de cópias em plataformas paralelas.
Pressão de celebridades e avanço de propostas no Congresso
O atleta se junta a uma lista crescente de personalidades afetadas por conteúdo gerado por inteligência artificial sem autorização.
Taylor Swift, Scarlett Johansson e Steve Harvey já denunciaram publicamente a circulação de imagens falsas, muitas de teor sexual, pedindo regras mais rígidas.
Embora todos tenham criticado o fenômeno, James se destaca por formalizar uma ação jurídica direta contra uma companhia que oferece a tecnologia.

Imagem: mashable.com
Projetos miram pornografia deepfake e clonagem de voz
No campo legislativo, o Congresso norte-americano analisa iniciativas específicas para conter a prática.
O recém-aprovado Take It Down Act criminaliza a divulgação ou ameaça de publicar imagens íntimas não consensuais, abrangendo produções em IA.
Outras duas propostas ganham força: o NO FAKES Act de 2025, que proíbe a reprodução não autorizada de vozes por inteligência artificial, e o Content Origin Protection and Integrity from Edited and Deepfaked Media Act, focado na transparência e proteção de obras originais.
Para juristas, a movimentação política reflete a urgência em atualizar a legislação sobre direitos de imagem frente ao avanço tecnológico.
Casos como o de LeBron James ilustram o vácuo regulatório que permite a proliferação de vídeos falsos com facilidade e alcance global.
Enquanto o debate avança no Congresso, especialistas defendem que empresas de IA adotem filtros mais rigorosos e que celebridades continuem recorrendo aos tribunais para fazer valer suas garantias legais.
O episódio envolvendo a FlickUp sinaliza um possível efeito dominó no segmento de geração de conteúdo sintético.
Ao retirar imagens realistas, a startup tenta evitar processos mais pesados e servir de exemplo para outros desenvolvedores.
Resta saber se medidas voluntárias serão suficientes ou se apenas a combinação de legislação e ações judiciais conseguirá conter o uso indevido de rostos famosos.