Celulares chineses no Brasil: invasão percebe crescimento, mas vendas seguem tímidas
A chegada de novas fabricantes chinesas ao mercado brasileiro de smartphones acelerou desde o fim de 2023, criando expectativa de quebra da hegemonia de Samsung, Motorola, Apple e Xiaomi.
No entanto, segundo avaliação da consultoria IDC, o movimento ainda não provocou mudanças relevantes no volume de aparelhos comercializados.
Sete marcas asiáticas em operação
Hoje, sete fabricantes da China atuam no país. Entre elas, apenas a Xiaomi está presente há seis anos; as demais iniciaram operações recentemente.
O grupo engloba Huawei, Honor, Oppo, Infinix, Jovi, realme e Vivo (que optou pelo nome Jovi para evitar confusão com a operadora homônima). Todas buscam espaço no mercado que soma quase 90% de participação para Samsung, Motorola, Xiaomi e Apple.
Três modelos de entrada no mercado
As novas concorrentes adotaram estratégias distintas:
Importação direta: Huawei retornou após seis anos fora, impulsionada por fim de embargo dos EUA, enquanto Honor firmou parceria com a DL Distribuidora, já responsável por trazer a Xiaomi.
Montagem local em parceria: Oppo associou-se à Multi (ex-Multilaser) e Infinix firmou acordo com a Positivo para montar aparelhos em solo nacional.
Fabricação própria terceirizada: Jovi e realme produzem em Manaus por meio de fábricas contratadas. A Jovi contratou executivos vindos de TIM, Samsung e Positivo a fim de fortalecer a operação.
Vendas crescem pouco apesar da oferta ampliada
Entre janeiro e março de 2024, foram vendidos 9,5 milhões de smartphones no Brasil, alta de 3% sobre igual período de 2023, segundo a Canalys. Mesmo com leve expansão do mercado, as quatro líderes concentraram 86% das vendas: Samsung (43%), Motorola (23%), Xiaomi (15%) e Apple (5%).
Reinaldo Sakis, diretor de pesquisa para a América Latina da IDC, resume o cenário: “Passados mais de seis meses desse movimento de produção local, ainda não vimos grande impacto”.

Imagem: uol.com.br
Por que a “invasão” não se converte em participação de mercado?
Marketing insuficiente
Sakis aponta o baixo investimento em comunicação como primeiro entrave. Consumidores têm pouco contato com as novas marcas, que ainda não replicaram no Brasil ações de grande visibilidade comuns em seus países de origem.
Casos pontuais, como a exibição de celulares dobráveis da Huawei ou a antiga campanha do Santos em 2014, criam “momentos UAU”, mas não sustentam lembrança de marca no longo prazo.
Preços desalinhados ao bolso brasileiro
O segundo obstáculo é o custo. Dispositivos como o Mate X6 (R$ 23 mil) e o Mate XT Ultimate Design (R$ 33 mil) chamam atenção tecnológica, porém dialogam com nicho restrito.
Sakis observa que despertar desejo com produtos premium é válido, mas deve ser seguido rapidamente por portfólio mais acessível. “Se ficar seis meses ou um ano só com algo caro para depois trazer um modelo barato, você perde o momento”, afirma.
A necessidade de preço competitivo torna-se maior diante da ausência de diferenciais técnicos significativos frente às marcas estabelecidas, exceção feita ao Mate XT, que dobra em três partes, e ao HarmonyOS, sistema operacional próprio da Huawei.
Fidelidade a marcas consolidadas
O mercado brasileiro é fortemente movido por preço e marca, lembra Sakis. A Samsung figura há anos entre os maiores anunciantes do país, enquanto Motorola e Apple mantêm base de usuários leais. Romper essa barreira exige combinar agressividade comercial com forte divulgação.
Perspectivas: espaço de 10% ainda em disputa
A Canalys divulgará em agosto novos dados referentes ao primeiro semestre. Analistas projetam que fabricantes chinesas podem impulsionar o mercado em 2025, caso consigam converter a curiosidade inicial em vendas.
Para aproveitar os 10% de mercado fora do domínio das quatro líderes, será necessário alinhar marketing, preços competitivos e ampla distribuição — movendo os ponteiros que, até agora, seguem praticamente inalterados.
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