Inteligência artificial acelera pesquisa nas Linhas de Nazca
Em apenas seis meses, cientistas japoneses identificaram 303 novos geoglifos no deserto de Nazca, no Peru, quase dobrando o acervo cartografado ao longo de 70 anos por arqueólogos. Até então, 430 figuras haviam sido registradas.
O avanço foi detalhado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e demonstra como algoritmos podem redefinir a arqueologia, reduzindo etapas antes executadas visualmente a partir de imagens de alta resolução.
Quem realizou o estudo
A equipe responsável integra universidades japonesas que há anos coletam dados geoespaciais da região. O grupo alimentou modelos de aprendizado de máquina com fotos obtidas por drones e satélites, treinando o sistema para reconhecer padrões compatíveis com geoglifos.
Onde e quando as figuras foram criadas
Os desenhos ficam a cerca de 400 km ao sul de Lima. Acredita-se que tenham sido riscados no solo há aproximadamente dois mil anos por uma sociedade pré-inca, que removeu a camada superficial escura de pedras para revelar o solo mais claro, criando contrastes visíveis do ar.
O que foi encontrado: animais e formas humanoides
Entre os 303 traçados recém-localizados há representações lineares de animais selvagens, como aranhas, beija-flores e pelicanos, além de figuras humanoides abstratas. Algumas chegam a centenas de metros de extensão.
A análise indica que os novos desenhos seguem o padrão de orientação, escala e distribuição dos já conhecidos, reforçando a tese de que formam um conjunto integrado.
Como a IA mudou o método de pesquisa
O reconhecimento automatizado substituiu horas de inspeção manual. Ao comparar variações de cor e relevo em milhares de imagens, o algoritmo apontou regiões prováveis para confirmações de campo, acelerando um processo sujeito a falhas humanas.
Em seis meses, o sistema registrou volume semelhante ao trabalho humano de sete décadas, evidenciando ganho de eficiência e novas possibilidades para áreas extensas ou de difícil acesso.
Por que as Linhas de Nazca interessam aos pesquisadores
Evidências apontam que muitos geoglifos serviam como caminhos rituais usados em procissões cerimoniais. A hipótese reforça estudos iniciados pela matemática e arqueóloga alemã Maria Reiche, que dedicou décadas ao mapeamento das linhas.
Segundo os autores da pesquisa publicada na PNAS, a disposição dos novos traçados apoia a ideia de “paisagem sagrada integrada”. Desenhos, topografia e atividades humanas formariam um grande mapa espiritual destinado a conectar pessoas, divindades e ambiente.

Imagem: uol.com.br
Preservação em risco
Apesar da aridez e do clima estável que ajudam na conservação, a área enfrenta pressões contemporâneas. Em decisão recente, o governo peruano reduziu a zona protegida de 5.600 km² para 3.200 km², alegando ajustes baseados em levantamentos topográficos e arqueológicos.
Especialistas alertam que a diminuição da proteção pode ampliar a presença de centenas de minas informais já instaladas nas proximidades. Desde 1994, as Linhas de Nazca integram a lista de Patrimônio Mundial da Unesco e figuram entre os destinos turísticos mais visitados do Peru.
Próximos passos da pesquisa
A equipe pretende refinar o algoritmo para distinguir melhor traçados naturais de marcas humanas e incluir dados de sensoriamento remoto em outras faixas do deserto. O objetivo é avaliar se o conjunto de geoglifos se estende além da área historicamente pesquisada.
Além disso, arqueólogos planejam sobrevoos com drones equipados com câmeras multiespectrais para estudar a composição mineral do solo e verificar alterações que possam comprometer a preservação das figuras recém-catalogadas.
Importância para o turismo e a economia local
As Linhas de Nazca atraem milhares de visitantes anualmente, impulsionando hotéis, restaurantes e operadores de voos panorâmicos. Autoridades regionais acompanham os resultados da nova pesquisa para atualizar rotas turísticas e promover ações de conservação.
A ampliação do inventário de figuras pode estimular investimentos em infraestrutura de visitação, mas também exige políticas rigorosas contra vandalismo e expansão de atividades extrativas.
Conclusão: tecnologia e patrimônio caminham juntos
O uso de inteligência artificial demonstrou potencial para revolucionar o trabalho arqueológico, revelando, em seis meses, quase o mesmo número de geoglifos identificados em sete décadas. As descobertas reforçam a relevância cultural das Linhas de Nazca e sublinham a necessidade de proteção contínua, diante de pressões econômicas e ambientais.
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