Huawei reforçou sua ambição no segmento de inteligência artificial ao exibir, neste sábado (26), o sistema de computação CloudMatrix 384 durante a Conferência Mundial de IA, em Xangai. O equipamento foi projetado para competir diretamente com o GB200 NVL72, solução mais poderosa da Nvidia para data centers de IA.
Apresentação oficial em Xangai
O estande da companhia chinesa se tornou um dos pontos mais movimentados do evento de três dias, atraindo desenvolvedores, investidores e representantes de empresas interessadas em infraestrutura de alto desempenho. A estreia pública ocorreu pouco mais de um mês após o anúncio inicial, feito em abril, quando o produto ainda gerava expectativas no mercado.
Demonstrações ao vivo
Durante a feira, engenheiros da Huawei exibiram simulações de treinamento de modelos generativos, destacando o tempo de resposta e a escalabilidade do CloudMatrix 384. As demonstrações buscaram evidenciar a capacidade do sistema de lidar com cargas de trabalho extensas, requisito essencial para aplicações corporativas de IA.
Características técnicas do CloudMatrix 384
O supercomputador utiliza 384 unidades do chip Ascend 910C, versão mais recente da linha proprietária da Huawei. Embora cada processador apresente desempenho inferior ao GPU Hopper utilizado pela Nvidia, a fabricante chinesa aposta na integração massiva de componentes para reduzir gargalos e maximizar a eficiência.
Arquitetura em supernó
A topologia de interconexão, descrita como supernó, permite que todos os chips troquem dados em alta velocidade, minimizando latência. Esse modelo é crucial para evitar perda de desempenho em tarefas paralelas, como ajuste fino de grandes modelos de linguagem ou processamento de visão computacional.
Estrategia de escala
Ao privilegiar a quantidade de processadores, a empresa pretende compensar a diferença de poder de cada unidade frente às soluções rivais. A tática é semelhante à adotada em clusters de computação distribuída, onde o resultado agregado supera as limitações individuais.
Concorrência direta com a Nvidia
Análises da consultoria SemiAnalysis apontam que o CloudMatrix 384 supera o NVL72 em determinados cenários específicos de inferência e treinamento, sobretudo quando a tarefa exige interconexão frequente entre nós. Esses dados sugerem uma proximidade de desempenho inédita entre as duas empresas.

Imagem: JRdes e Kapi Ng Shutterstock via olhardigital.com.br
Reconhecimento do mercado
Em maio, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, mencionou publicamente o avanço da Huawei e citou o CloudMatrix como exemplo do ritmo acelerado da concorrência chinesa. O comentário confirmou que a liderança da companhia norte-americana começa a ser desafiada com mais intensidade.
Uso interno e disponibilidade
No mês passado, Zhang Pingan, presidente da divisão de nuvem da Huawei, revelou que o sistema já opera na infraestrutura da empresa. A adoção interna serve como vitrine para potenciais clientes e como campo de testes para otimizações futuras.
Planos de expansão
A fabricante não divulgou datas de entrega nem preços, mas indicou que está aberta a negociar com provedores de serviços em nuvem e centros de pesquisa. O objetivo é ampliar a presença fora da China, mercado onde a Huawei já se consolidou como fornecedora preferencial de semicondutores.
Desafios regulatórios
Apesar do avanço tecnológico, a companhia enfrenta as restrições de exportação impostas pelos Estados Unidos, que limitam o acesso a equipamentos de litografia e a componentes essenciais. Essas barreiras podem influenciar prazos de produção e distribuição global.
Perspectivas de mercado
Especialistas observam que a demanda crescente por infraestrutura de IA abre espaço para múltiplos fornecedores, mesmo diante de tensões geopolíticas. Caso o CloudMatrix 384 mantenha o desempenho demonstrado, a competição tende a se intensificar, beneficiando usuários com mais opções e avanços contínuos.