Exportações da China para os EUA: projeção de queda bilionária
As vendas chinesas para o mercado norte-americano correm o risco de recuar em cerca de US$ 488 bilhões (R$ 2,71 trilhões na cotação atual) até 2027, segundo a estimativa divulgada pelo Observatório da Complexidade Econômica (OEC) em 3 de agosto de 2025. O cálculo parte do cenário em que não haja acordo entre Washington e Pequim sobre as tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump.
A plataforma incorporou a tarifa média de 34% aplicada no início de abril e considerou também as taxas anteriores. O estudo ainda incluiu a majoração temporária para 245%, suspensa por 90 dias — prazo que expira em 12 de agosto.
Como o simulador do OEC chegou à projeção
O novo simulador tarifário do OEC testa diferentes combinações de alíquotas e destinos de comércio. Para esta previsão, o sistema:
• Assumiu a manutenção das tarifas anunciadas por Trump.
• Somou os efeitos sobre cada família de produtos exportada pela China.
• Projetou o comportamento de importadores alternativos caso o fluxo para os EUA diminua.
Com esses parâmetros, o modelo calcula que o valor exportado ao mercado norte-americano recuará quase meio trilhão de dólares nos próximos dois anos.
Impacto setorial: computadores lideram as perdas
Setores mais afetados
Entre os segmentos analisados, o de computadores aparece como o mais prejudicado, com potencial retração de dezenas de bilhões de dólares. Também devem sentir forte impacto:
• Equipamentos elétricos e de radiodifusão.
• Brinquedos.
• Vestuário.
Esses setores concentram parte relevante do superávit comercial chinês com os Estados Unidos e são particularmente sensíveis a variações tarifárias.
Destinos alternativos para a produção chinesa
O simulador indica que os produtos que deixarem de seguir para os EUA não ficarão estocados na China. O Sudeste Asiático surge como principal beneficiário, com incremento expressivo nas importações chinesas.
• Índia: previsão de aumento de US$ 40 bilhões em compras até 2027.
• Vietnã: acréscimo estimado de US$ 38 bilhões.
• Rússia: possibilidade de elevar as importações em US$ 33,1 bilhões.
Em menor escala, países europeus como Itália, Holanda e França também podem absorver parte dos bens redirecionados.

Imagem: tecmundo.com.br
Reflexos na pauta de importação chinesa
O OEC projeta que a China deverá cortar US$ 101 bilhões em compras originadas dos Estados Unidos no mesmo horizonte. Os itens mais afetados incluem:
• Soja.
• Circuitos integrados.
• Petróleo bruto.
• Gás de petróleo.
• Automóveis.
A alteração reforça o caráter bilateral da disputa, afetando exportadores agrícolas e industriais norte-americanos.
Negociações ainda sem acordo
Três encontros, nenhum entendimento
Desde o início do “tarifaço”, representantes dos dois países reuniram-se em Genebra, Londres e, mais recentemente, em Estocolmo em 28 de julho. Mesmo com o avanço diplomático, o pacto definitivo não foi selado.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, declarou que as conversas “têm sido boas” e mencionou a possibilidade de prorrogar a suspensão das tarifas além de 12 de agosto, decisão que pode ganhar força caso as tratativas avancem.
Por que o impasse persiste
A Casa Branca exige contrapartidas que garantam maior acesso ao mercado chinês e proteção à propriedade intelectual. Pequim, por sua vez, busca a remoção completa das tarifas adicionais. Enquanto não há consenso, empresas dos dois lados mantêm planos de contingência para reconfigurar cadeias de suprimentos.
Perspectivas até 2027
Se a elevação tarifária for restabelecida após o prazo de 90 dias, o fluxo bilateral de mercadorias deve se contrair rapidamente, de acordo com o OEC. Caso haja acordo, parte dos US$ 488 bilhões estimados poderia ser preservada, mas o órgão não publica cenários alternativos sem conhecer eventuais termos.
Analistas acompanham a data-limite de 12 de agosto como ponto de inflexão: a renovação da suspensão indicaria ambiente favorável à continuidade das negociações; o fim da trégua acionaria automaticamente a tarifa de 245%, acelerando o deslocamento do comércio para Sudeste Asiático, Europa, Índia e Rússia.
Nos números atuais, a perspectiva de queda nas exportações chinesas para os EUA redefine rotas globais de suprimento, afetando setores estratégicos e abrindo espaço a novos competidores em escala internacional.
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