Alberta, Canadá – Um casal que monitorava o avanço de uma tempestade rural filmou uma esfera luminosa deslocando-se lentamente sobre um campo aberto ao amanhecer, reforçando a possibilidade de um raro raio globular.
Fenômeno de energia intriga pesquisadores
Ed e Melinda Pardy posicionaram-se em sua propriedade às 7h, esperando observar nuvens em funil comuns na região. Pouco antes de iniciarem a gravação, um relâmpago atingiu o solo a aproximadamente um quilômetro de distância.
Logo depois, uma bola brilhante surgiu a cerca de sete metros de altura, movendo-se de forma constante sobre a planície. O objeto mediria entre um e dois metros de diâmetro, segundo estimativa visual feita pelos moradores.
O casal conseguiu acionar a câmera apenas nos 23 segundos finais do fenômeno, mas afirma que a esfera permaneceu visível por quase um minuto antes de desaparecer repentinamente.
Especialistas indicam que registros visuais de supostos raios globulares são escassos, o que confere relevância ao material obtido em Alberta. A filmagem já foi solicitada por pesquisadores da Universidade de Calgary e por grupos independentes de ufologia.
O fenômeno do raio globular tem relatos datados do século XII, quando um abade de Canterbury descreveu luzes esféricas durante uma tempestade. Outro episódio marcante ocorreu em 21 de outubro de 1638, na vila de Widecombe, Inglaterra, evidenciando a raridade desses eventos.
Apesar dos séculos de observação, a ciência ainda não determinou um mecanismo único para a formação dessas bolas luminosas. Pesquisadores chineses, em 2012, instalaram câmeras e espectrômetros no planalto de Qinghai, região propensa a descargas, e conseguiram capturar um episódio semelhante.
A análise espectral daquele caso detectou cálcio, silício e ferro — elementos típicos do solo local — sugerindo que a energia poderia resultar da vaporização do terreno após o impacto de um raio tradicional.
Nenhum modelo, entretanto, explica todas as características observadas em diferentes aparições, fator que mantém o fenômeno como um mistério aberto na física atmosférica.
Buscas por explicações para a energia observada
No Canadá, o caçador de tempestades George Kourounis avaliou o novo vídeo e propôs duas possibilidades. A primeira aponta para um autêntico raio globular, possivelmente um dos registros mais nítidos já captados.
A segunda hipótese envolve um arco elétrico gerado quando um raio atinge linhas de transmissão próximas, produzindo uma luz intensa que se extingue em nuvens de faíscas. Essa ocorrência, segundo análises anteriores, pode apresentar coloração alaranjada ou azulada, semelhante à registrada pela câmera dos Pardy.
Ed e Melinda, contudo, argumentam que não havia infraestrutura elétrica entre o local do impacto inicial e a trajetória da esfera. Por isso, defendem que se trate de um fenômeno atmosférico autônomo.
Desde a divulgação das imagens, a dupla tem recebido contato de institutos meteorológicos interessados em examinar detalhes técnicos, como luminosidade, velocidade e trajetória do objeto.
A meteorologia regional confirmou a presença de instabilidade na área na manhã do registro, mas não encontrou descargas elétricas adicionais no intervalo exato em que a esfera desapareceu.
Sem consenso, cientistas reforçam a importância de obter medições simultâneas de campo magnético, composição de gases e dados de radar em futuras ocorrências. Esses parâmetros podem ajudar a distinguir entre descargas ligadas ao solo, arcos em linhas de energia e plasma gerado pela própria atmosfera.
Atualmente, menos de 5% dos relatos de raios globulares contam com evidências visuais robustas, e apenas uma fração inclui medições laboratoriais. Por isso, a gravação em Alberta representa material valioso para comparação.
Enquanto análises seguem em andamento, o vídeo circula em comunidades científicas como um possível exemplo didático de fenômenos luminosos raros. A expectativa é que novos estudos identifiquem padrões que expliquem a aparência, a duração e o súbito desaparecimento dessas esferas.
Por ora, o incidente canadense amplia o acervo de observações e reacende a discussão sobre a natureza dos raios globulares, fenômeno que continua desafiando teorias consolidadas sobre descargas elétricas atmosféricas.