O que torna o Monte Everest tão singular
Três nomes oficiais para o mesmo pico
O Monte Everest é conhecido mundialmente pelo nome inglês que homenageia o geógrafo Sir George Everest. No entanto, a montanha também atende por Sagarmāthā no Nepal e Chomolungma no Tibete, ambas denominações oficiais. Os nomes locais significam “testa do céu” e “mãe do Universo”, respectivamente.
A montanha que continua crescendo
A altitude atual do Everest é de 8.848,86 metros, medida confirmada em 2020 por Nepal e China. Devido ao choque entre as placas indiana e euroasiática, o pico sobe de 2 a 4 milímetros ao ano. Sensores GPS e satélites acompanham esse deslocamento milimétrico.
Desde 1953, cerca de 7 mil pessoas alcançaram o cume, segundo o Banco de Dados do Himalaia. O número parece alto, mas representa uma fração ínfima dos que tentam a façanha. A dificuldade extrema mantém o Everest como símbolo máximo do alpinismo.
Desafios e riscos na escalada
A temida zona da morte
Acima dos 8 mil metros, o corpo humano entra em colapso pela falta de oxigênio. Hipotermia, edemas cerebral e pulmonar e alucinações são riscos constantes. Esse trecho crítico já vitimou parte dos cerca de 300 alpinistas que morreram na montanha.
Ventos equivalentes a tornados
No inverno, rajadas atingem até 300 km/h no cume do Everest. A média de 162 km/h já dificulta a locomoção e o uso de equipamentos. Em dias extremos, a velocidade se aproxima de um tornado EF5.
O papel crítico do oxigênio suplementar
Na zona da morte, o ar contém apenas um terço do oxigênio disponível ao nível do mar. Por isso, cilindros são recomendados para praticamente todos os escaladores. Tentativas sem oxigênio engarrafado permanecem raras e altamente arriscadas.
Impactos do turismo de alta altitude
50 toneladas de lixo por ano
Equipamentos abandonados, embalagens e resíduos humanos se acumulam nas rotas mais populares. Estima-se que mais de 50 toneladas de detritos sejam deixadas anualmente. Expedições de limpeza, como a Eco Everest Expedition, tentam conter o problema.
Custos que ultrapassam R$ 330 mil
Um trekking básico até o Campo Base pode custar a partir de R$ 21 mil. Já a escalada ao cume, com suporte completo de guias, logística e oxigênio, supera R$ 330 mil. O valor reflete transporte de carga, licenças governamentais e salários de Sherpas.

Imagem: olhardigital.com.br
Além do investimento financeiro, a subida exige de seis a nove semanas de aclimatação. Esse período inclui caminhadas graduais entre acampamentos e esperas por janelas de clima favorável. A temporada principal ocorre entre abril e maio.
Curiosidades geológicas e históricas
Fósseis marinhos no topo do mundo
Amostras de rocha recolhidas no cume revelam trilobitas e crinoides, vestígios do antigo oceano Tétis. Há milhões de anos, a área que hoje forma o Himalaia estava submersa. A colisão continental elevou o leito marinho até a altitude atual.
Outras montanhas que desafiam o ranking
O Mauna Kea, no Havaí, mede 10.210 metros da base oceânica ao topo, embora quase metade permaneça submersa. Já o Chimborazo, no Equador, é o ponto terrestre mais distante do centro do planeta por causa da forma elíptica da Terra. Esses critérios alternativos mostram que “mais alta” pode variar conforme a referência adotada.
Regras e logística para tentar o cume
Permissões obrigatórias e apoio dos Sherpas
Para escalar pelo Nepal, o alpinista precisa de visto, permissão do Departamento de Turismo, autorização do Parque Nacional de Sagarmatha e cartão TIMS. Desde 2014, também é exigido contratar um guia licenciado, normalmente um Sherpa. Seguro de saúde com cobertura para resgate em alta montanha e atestado médico completam a lista.
Os Sherpas, povo nativo do Himalaia, são reconhecidos pela força e pela experiência em grandes altitudes. Eles montam rotas, fixam cordas e carregam cargas essenciais para a sobrevivência de turistas. Seu apoio é considerado decisivo para o sucesso das expedições.
Com regras rígidas, custos altos e riscos significativos, o Monte Everest continua a representar o auge do desafio humano contra as forças da natureza. Cada nova temporada reforça tanto o fascínio quanto a necessidade de preservação desse ícone do Himalaia.