São Paulo, 26 de julho de 2025 – A comunicação interna deixou de ser mero canal de avisos corporativos e passou a ocupar posição central nas estratégias de recursos humanos, aponta análise de Andréa Migliori, CEO da Workhub. O movimento reflete a demanda por ambientes de trabalho mais transparentes, engajadores e alinhados aos objetivos de negócio.
Comunicação interna deixa de apenas informar
Do quadro de avisos ao portal integrado
Durante décadas, boletins de parede e e-mails padronizados bastavam para difundir recados. Esse modelo, porém, não acompanha as exigências atuais de colaboração e velocidade. Plataformas digitais, portais corporativos e aplicativos móveis passaram a concentrar mensagens segmentadas, permitindo diálogo constante entre equipes e liderança.
O principal ganho dessa evolução é a troca em dupla via. Colaboradores conseguem reagir, sugerir melhorias e sinalizar dúvidas em tempo real. A prática revela gargalos antes invisíveis, reduz ruídos operacionais e reforça a sensação de pertencimento, condição que sustenta a experiência de trabalho positiva.
Migliori ressalta que o objetivo deixou de ser “enviar porque precisa” para “comunicar porque transforma”. Com dados, escuta ativa e propósito claro, a companhia identifica silêncios relevantes, ajusta processos e fortalece a cultura organizacional.
Engajamento influencia clima e resultados financeiros
Baixo engajamento custa US$ 9,6 trilhões
O relatório State of the Global Workplace, divulgado pela Gallup no ano passado, calculou em US$ 9,6 trilhões o valor que as empresas deixam de gerar, em escala mundial, devido ao engajamento insuficiente. A pesquisa associa esse cenário a queda de produtividade, maior rotatividade e aumento do absenteísmo.
Negócios que conseguem engajar a força de trabalho observam redução significativa de acidentes, crescimento nos lucros e melhoria do clima interno. A comunicação clara sobre metas, decisões e propósito corporativo aparece como elemento-chave para manter esse nível de comprometimento.
Em ambientes onde o time entende exatamente o que se espera dele, as metas tornam-se alcançáveis e os feedbacks mais objetivos. A clareza reduz conflitos, acelera entregas e consolida relações de confiança, fatores decisivos para a retenção de talentos.
Ferramentas e postura estratégica determinam sucesso
People Analytics orienta decisões de RH
Ferramentas de análise de dados, como o People Analytics, ampliam a precisão das iniciativas de comunicação. Levantamento da Society for Human Resource Management (SHRM) indica que 82% das empresas utilizam o recurso para estudar retenção e turnover, 71% para recrutamento, 59% para engajamento, 58% para benefícios e 58% para gestão de performance.

Imagem: tecmundo.com.br
Com essas métricas, o RH identifica padrões de comportamento, antecipa riscos de saída e ajusta benefícios conforme as preferências do quadro funcional. Relatórios automáticos ajudam a escolher o canal ideal, a periodicidade correta e o tom mais efetivo para cada público interno.
Apesar da relevância da tecnologia, a executiva frisa que o maior obstáculo não reside na plataforma, mas na intenção. Sem vontade genuína de ouvir, explicar e alinhar, nenhum software garante transparência.
Intenção e transparência ganham protagonismo
Implementar comunicação estratégica requer coragem para admitir falhas, compartilhar aprendizados e corrigir rotas. Quando líderes expõem motivos de decisões impopulares ou metas não atingidas, estimulam cultura de confiança que ecoa em todos os níveis.
Essa postura reforça o papel do RH como guardião de relações saudáveis. Ao mediar diálogos difíceis, praticar escuta ativa e oferecer orientação às lideranças, o departamento consolida-se como facilitador de mudanças estruturais.
Falar com propósito e estratégia, conclui Migliori, altera a dinâmica corporativa por completo. Empresas que adotam essa abordagem veem a comunicação interna transformar-se em motor de engajamento, produtividade e vantagem competitiva.