O plano de inteligência artificial anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ganhou um concorrente de peso poucos dias depois.
Neste sábado (26), o premiê Li Qiang revelou, em Xangai, que a China pretende criar uma organização internacional dedicada à cooperação em IA.
O movimento posiciona Pequim como alternativa direta à estratégia norte-americana, ampliando a disputa pela liderança mundial na tecnologia.
Plano de IA de Trump prioriza desregulamentação
Apresentado na quarta-feira, o Plano de Ação para a Inteligência Artificial busca acelerar o setor nos Estados Unidos.
A proposta reduz burocracia, elimina regulações consideradas onerosas e facilita a construção de infraestrutura crítica para o desenvolvimento de algoritmos.
O governo também promete liberdade para empresas operarem sem supervisão, desde que mantenham os sistemas livres de viés ideológico.
Objetivo é manter liderança tecnológica
Washington reconhece que a inovação em IA passou a definir poder econômico e militar.
Ao flexibilizar regras, a Casa Branca quer preservar a posição de vanguarda diante da rápida evolução de competidores estrangeiros.
O anúncio, porém, provocou reação imediata de Pequim, que busca um modelo oposto de governança.
China propõe cooperação global em inteligência artificial
Durante a Conferência Mundial de Inteligência Artificial, Li Qiang defendeu uma rede de colaboração aberta a todos os países.
Segundo o premiê, o compartilhamento de conhecimento e produtos deve ocorrer em bases igualitárias, beneficiando especialmente nações do Sul Global.
Pequim se dispõe a dividir experiências acumuladas em pesquisa, aplicações comerciais e formação de talentos.
Resposta indireta às restrições dos EUA
Sem mencionar Washington, Li criticou iniciativas que tentam limitar o acesso de certos mercados à inteligência artificial.
Para ele, concentrar a tecnologia em poucos países ou empresas ameaça o equilíbrio econômico e social.
O discurso foi interpretado como recado aos controles norte-americanos sobre fornecimento de chips e serviços a entidades chinesas.
Riscos e desafios destacados por Pequim
O premiê alertou que a governança global da IA é fragmentada, com diferenças regulatórias que dificultam consensos.

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Ele citou a escassez de semicondutores avançados e a barreira para contratar especialistas como gargalos imediatos.
Nesse cenário, a China deseja liderar discussões multilaterais para mitigar riscos éticos, de segurança e de mercado.
Chamada para estrutura regulatória unificada
Li defendeu a criação acelerada de um arcabouço internacional capaz de acompanhar a velocidade da inovação.
A proposta incluiria princípios mínimos de transparência, responsabilidade e divulgação de impacto social dos algoritmos.
Pequim acredita que um organismo multilateral facilitaria acordos sobre padronização técnica e troca de dados.
Disputa por chips e talentos pressiona cadeia de suprimentos
A corrida pela inteligência artificial ampliou a demanda por semicondutores de alto desempenho.
Restrições impostas pelo governo norte-americano limitam o envio de processadores avançados para a China, encarecendo projetos locais.
Paralelamente, empresas competem globalmente por pesquisadores qualificados, encurtando prazos de inovação e elevando salários.
Efeitos sobre o mercado e a geopolítica
A adoção em larga escala de IA influencia setores como manufatura, defesa, finanças e saúde.
A supremacia nesse campo tende a redefinir cadeias produtivas, alianças diplomáticas e fluxos de investimento.
Por isso, cada anúncio de política pública reverbera além das fronteiras, gerando respostas rápidas de parceiros e rivais.
Escolha entre modelos de desenvolvimento antagônicos
Os Estados Unidos apostam em autoconfiança empresarial e mínima interferência governamental para acelerar descoberta e aplicação.
A China, por sua vez, prefere coordenação centralizada e acesso compartilhado, buscando formar um ecossistema global sob novas regras.
O resultado desse embate definirá quem estabelecerá padrões, deterá infraestrutura crítica e influenciará a próxima geração de soluções em inteligência artificial.