Caso Hytalo: prisão de influenciador e denúncia de algoritmo que favorece pedofilia
O influenciador paraibano Hytalo Santos foi preso nesta terça-feira (15) em Cotia, na Grande São Paulo, nove dias após a divulgação do documentário “Adultização”, produzido pelo youtuber Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca. O vídeo, com cerca de 50 minutos, acusa a plataforma de recomendar conteúdos que expõem e sexualizam crianças, além de citar Santos como suposto aliciador de menores.
Quem é Hytalo Santos e por que ele foi detido
Santos ganhou notoriedade ao publicar danças e coreografias com adolescentes, entre eles a dançarina Kamylinha. Depois da repercussão do documentário, o Ministério Público da Paraíba (MP-PB) abriu investigação por exploração de menores. A Justiça paraibana determinou a suspensão de todos os perfis do influenciador, o bloqueio de monetização e a proibição de contato com os jovens que moravam com ele.
Em nota enviada à imprensa, Santos negou as acusações e afirmou ter “compromisso inabalável com a proteção de crianças e adolescentes”. Mesmo assim, a polícia cumpriu o mandado de prisão preventiva na residência em Cotia.
Documentário “Adultização”: como Felca expôs o “Algoritmo P”
Experimento mostra recomendações para pedófilos
Publicada em 6 de agosto, a produção de Felca simulou a criação de uma conta do zero em uma rede social de vídeos curtos. O youtuber passou a curtir e seguir perfis infantis, condicionando o sistema a sugerir conteúdos atraentes para abusadores. Ele batizou o teste de “Algoritmo P”.
Felca exibiu comentários que usavam códigos como “trade” (troca, em inglês) para sinalizar interesse em compartilhar material ilegal. Também destacou o uso de siglas como “CP” (child porn) e a frase “link na bio” para encaminhar usuários a grupos de troca de conteúdo, especialmente no Telegram.
Participação de especialista e avisos de gatilho
Para contextualizar o impacto psicológico nas vítimas, Felca convidou a psicóloga Ana Beatriz Chamati, especializada em infância e adolescência. Ela alertou para riscos associados a crianças expostas mais de dez horas por dia na internet ou que trabalham como criadoras de conteúdo sem supervisão adequada.
Repercussão política: Congresso e governo reagem
Projetos de lei sobre proteção infantil
Em apenas dois dias, deputados e senadores de partidos como PT, PSOL, União, PL, PDT e MDB protocolaram mais de 30 propostas relacionadas à segurança de menores nas redes. Entre as medidas sugeridas estão:
• Restrição à monetização de vídeos, fotos e transmissões que envolvam crianças;
• Definição da adultização como conduta proibida;
• Responsabilização direta das plataformas por conteúdos ilegais.
Grupo de trabalho e possível CPI
A Câmara dos Deputados instalou grupo para unificar as propostas. Parlamentares articulam ainda a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com caráter técnico, envolvendo especialistas em tecnologia, psicologia e direito digital para investigar a exposição infantil.

Imagem: uol.com.br
Projeto do Executivo para regular big techs
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que o governo Lula apresentará texto que responsabiliza judicialmente empresas que hospedem ou monetizem materiais que violem direitos de crianças e adolescentes. O Executivo pretende enviar a proposta nas próximas semanas.
Entenda o conceito de adultização e o que diz o ECA
Adultização e hipersexualização precoce
Adultização ocorre quando crianças adotam comportamentos, roupas ou papéis de adultos. No ambiente digital, ela se associa à hipersexualização e à exploração comercial, aumentando o risco de violência e abuso.
Proteções previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente
O ECA garante salvaguardas contra exposição indevida:
Art. 5º – proíbe negligência, exploração ou violência;
Art. 17 – assegura preservação de imagem e identidade;
Art. 18 – impõe proteção contra constrangimento.
Esses dispositivos permitem enquadrar civil e criminalmente quem produz, divulga ou lucra com material que viole a dignidade de menores.
Próximos passos das investigações
O MP-PB segue reunindo indícios sobre possível exploração de crianças por Hytalo Santos. A Polícia Civil de São Paulo colabora com a apuração, já que o influenciador residia no estado. A Justiça avaliará se mantém a prisão preventiva enquanto avança a coleta de depoimentos e perícias em dispositivos eletrônicos.
Paralelamente, o debate legislativo e a proposta do governo federal podem resultar em novas regras para plataformas digitais, acirrando a cobrança por mecanismos que impeçam a circulação de conteúdo que favoreça a pedofilia.
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