Anthropic suspende acesso da OpenAI ao Claude
A Anthropic bloqueou o acesso da OpenAI às APIs que alimentam o modelo Claude após identificar, segundo fontes internas, uma violação aos termos de serviço da plataforma.
Quem são os envolvidos
De um lado está a Anthropic, criadora do assistente de IA Claude. Do outro, a OpenAI, proprietária do ChatGPT e em fase avançada de desenvolvimento do próximo modelo, o GPT-5, previsto para agosto.
O que motivou o bloqueio
De acordo com informações obtidas pela revista Wired, a Anthropic concluiu que a OpenAI utilizou rotas de API destinadas a ferramentas internas de Claude para comparar o desempenho do GPT-5 em tarefas de programação, redação criativa e checagem de segurança. Esses testes teriam fornecido dados que ajudariam na calibragem do novo modelo da concorrente.
Termos de serviço proibiam uso competitivo
A cláusula comercial da Anthropic impede clientes de “acessar os Serviços para criar produto ou serviço concorrente, inclusive para treinar modelos de IA rivais”. A empresa sustenta que a OpenAI infringiu exatamente esse ponto.
Como o acesso teria sido usado pela OpenAI
Fontes próximas às duas companhias relatam que a OpenAI contornou a interface de chat pública e se conectou diretamente aos endpoints de Claude Code. Dessa forma, conseguiu:
• Avaliar saídas de código geradas pelo GPT-5 em comparação direta com Claude.
• Medir qualidade de textos criativos produzidos pelos dois modelos.
• Submeter prompts de segurança sobre material de abuso infantil (CSAM), autolesão e difamação para verificar respostas.
Os resultados serviriam para ajustes finos no GPT-5 antes do lançamento, tornando-o potencialmente mais competitivo.
Posicionamento da OpenAI
Em nota à Wired, a OpenAI afirmou que testar modelos contra produtos rivais é “prática padrão do setor”. A empresa declarou respeitar a decisão da Anthropic, mas lamentou a suspensão, lembrando que a Anthropic continua com acesso às APIs da OpenAI. Um porta-voz acrescentou que espera reativação futura para fins de “benchmarking e avaliações de segurança”.
Imagem: mashable.com
Histórico de bloqueios da Anthropic
Outro caso em junho
Este não é o primeiro corte feito pela Anthropic em 2024. Em junho, a companhia encerrou o acesso da startup Windsurf após rumores de que o negócio seria vendido à OpenAI. A transação não se concretizou, mas o cofundador Jared Kaplan disse ao TechCrunch que “seria estranho vender Claude à OpenAI”.
Novos limites de uso previstos
A Anthropic informou que revisará as cotas de requisições ao Claude a partir do fim de agosto. Entre as justificativas estão o compartilhamento irregular de contas e a revenda de acesso por um grupo reduzido de usuários, práticas que também ferem a política interna.
Por que a disputa importa
O bloqueio expõe a crescente tensão entre laboratórios de IA que, ao mesmo tempo em que competem, dependem de métricas cruzadas para melhorar seus produtos. A decisão da Anthropic lança um precedente sobre até que ponto o “benchmarking” pode ser considerado uso legítimo ou infração contratual.
Para a OpenAI, a interrupção elimina um parâmetro direto contra Claude, visto como rival de peso no segmento de grandes modelos de linguagem. Para a Anthropic, a medida reforça a tentativa de proteger propriedade intelectual e vantagem competitiva.
Ações legais no horizonte
Além do episódio com a Anthropic, a OpenAI enfrenta processo movido em abril pela Ziff Davis, controladora da Mashable, que alega violação de direitos autorais no treinamento e operação dos sistemas da empresa. O contencioso sinaliza que os conflitos jurídicos em torno do desenvolvimento de IA tendem a se multiplicar.
Próximos passos
A Anthropic não comentou publicamente se reavaliará a suspensão. Já a OpenAI segue anunciando agosto como mês de lançamento do GPT-5, agora sem o suporte comparativo direto do Claude. Observadores de mercado aguardam para ver se outras empresas adotarão postura semelhante e se haverá padronização de diretrizes de testes entre concorrentes.
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