Animais de sangue colorido: característica evolutiva pouco conhecida
Quando se fala em circulação sanguínea, a imagem mais comum é a do líquido vermelho que carrega oxigênio no corpo humano. No entanto, diversos organismos desenvolveram moléculas alternativas à hemoglobina, resultando em tonalidades inesperadas. A lista a seguir apresenta oito espécies com sangue azul, verde, incolor ou com outras variações, explicando quem são, onde vivem e por que exibem essas cores.
Caranguejo-ferradura (Limulus polyphemus) – sangue azul
O caranguejo-ferradura ocupa águas rasas e fundos arenosos da costa leste dos Estados Unidos. Apesar do nome, pertence à classe Merostomata, mais próxima das aranhas do que dos crustáceos. O sangue, cinza ou amarelo-pálido dentro do corpo, torna-se azul-escuro ao contato com o ar devido à hemocianina, proteína rica em cobre que se liga ao oxigênio.
Polvo-comum (Octopus vulgaris) – sangue azul
Presente em regiões tropicais, subtropicais e temperadas de diversos oceanos, o polvo-comum possui oito braços, corpo mole e três corações. A hemocianina, responsável pelo transporte de oxigênio, dá a cor azul ao sangue. Essa mesma proteína permite ao animal manter a oxigenação eficiente em águas com baixa temperatura ou variação de salinidade.
Prasinohaema prehensicauda – sangue verde
Restrito às florestas da Papua-Nova Guiné, este lagarto não possui nome popular em português. A coloração verde do sangue resulta do acúmulo de biliverdina, pigmento biliar normalmente considerado tóxico em altas concentrações para outros vertebrados. A mesma substância intensifica o tom esverdeado da pele.
Chionodraco hamatus – sangue transparente
Membro da família Channichthyidae, o peixe-gelo vive na plataforma continental da Antártica. É o único vertebrado adulto conhecido que não produz hemoglobina. Sem o pigmento responsável pelo vermelho, o plasma permanece incolor. O oxigênio é transportado dissolvido diretamente no sangue, facilitado pelas águas frias e ricas em gás.
Poliquetas – sangue vermelho, roxo-rosado, verde ou incolor
Vermes marinhos segmentados, os poliquetas ocupam tocas, tubos ou fendas em fundos oceânicos. A diversidade de pigmentos justifica a variedade de cores: hemoglobina (vermelho), hemeritrina (roxo-rosado), clorocruorina (verde) e ausência de pigmento (incolor). Cada molécula apresenta afinidade diferente com o oxigênio, adequando-se a ambientes específicos.
Lula-comum (Loligo vulgaris) – sangue azul
Encontrada no Atlântico Leste, Mar do Norte e Mediterrâneo, a lula-comum possui dez membros, dois deles alongados. A hemocianina confere a tonalidade azul quando oxigenada, assegurando transporte eficiente em águas frias ou com baixa concentração de gás. O corpo alongado facilita deslocamentos rápidos para caçar presas.

Imagem: Domínio público via olhardigital.com.br
Tarántula-rosa-chilena (Grammostola rosea) – sangue azul
Nativa de zonas desérticas e arbustivas do Chile, Bolívia e Argentina, essa tarântula apresenta corpo marrom-acinzentado com pelos rosados. Nas aranhas, o fluido circulatório é a hemolinfa, que contém hemocianina. Ao se ligar ao oxigênio, a substância deixa a hemolinfa azul, cumprindo funções equivalentes ao sangue em vertebrados.
Choco-comum (Sepia officinalis) – sangue verde-azulado
Habitante de áreas costeiras do Atlântico Nordeste e do Mar Mediterrâneo, o choco-comum possui corpo oval e asas laterais formadas por membranas. Assim como outros cefalópodes, carrega hemocianina, mas a tonalidade resultante tende ao verde-azulado. O pigmento oxigenado circula por três corações, característica típica do grupo.
Como os pigmentos determinam a cor do sangue
A tonalidade varia conforme a proteína ou o composto predominante. A hemoglobina, ligada ao ferro, produz vermelho. A hemocianina, baseada em cobre, gera azul ou verde-azulado. A hemeritrina, rica em ferro, aparece roxo-rosada, enquanto a clorocruorina, também com ferro, exibe verde intenso. Em espécies sem pigmento, como o peixe-gelo, o sangue permanece transparente.
Por que surgiram diferentes cores de sangue
A evolução favoreceu moléculas capazes de transportar oxigênio com eficiência em contextos ambientais específicos. Fatores como temperatura, pressão, salinidade e disponibilidade de oxigênio influenciaram a seleção de pigmentos. Em águas geladas da Antártica, a ausência de hemoglobina reduz a viscosidade do sangue. Já em ambientes tropicais, a hemocianina permite funcionamento adequado mesmo com oscilações de oxigênio.
Conclusão
Os oito exemplos apresentados demonstram como a diversidade de pigmentos sanguíneos reflete adaptações a diferentes habitats e pressões evolutivas. Ao ultrapassar o vermelho convencional, esses organismos expandem o entendimento sobre fisiologia animal e fornecem pistas para pesquisas biomédicas, como o uso da hemocianina do caranguejo-ferradura em testes de segurança farmacológica.
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