Estudo projeta avanço da mortalidade por câncer colorretal
Um levantamento divulgado nesta terça-feira, 5 de setembro, Dia Nacional da Saúde, indica que as mortes por câncer colorretal podem crescer 36,3% no Brasil até 2040. O trabalho integra o 9º volume do boletim Info.oncollect, produzido pela Fundação do Câncer.
A pesquisa analisou registros nacionais de óbito e traçou projeções para os próximos 15 anos. Os autores alertam que, mantidas as tendências atuais, ocorrerá um aumento expressivo de casos fatais, colocando pressão adicional sobre o sistema de saúde.
Aumento atinge homens e mulheres em proporções semelhantes
Segundo o estudo, a mortalidade entre os homens deve subir 35%, enquanto entre as mulheres o índice projetado é de 37,63%. Embora os percentuais sejam próximos, os pesquisadores chamam atenção para variações regionais que podem agravar ou atenuar o cenário em cada estado.
A Região Sudeste, que hoje concentra o maior volume absoluto de óbitos, poderá registrar expansão de 34% até 2040. Esse crescimento absoluto reforça a necessidade de políticas públicas direcionadas a áreas com estruturas populacionais e de saúde mais complexas.
Diagnóstico tardio agrava o prognóstico
Dados consolidados na pesquisa mostram que 78% dos pacientes que morreram foram diagnosticados nos estágios três ou quatro da doença. Nessas fases, o tumor costuma estar avançado, reduzindo de forma significativa as chances de cura mesmo após tratamento intensivo.
Os autores apontam que a identificação tardia decorre, em parte, da evolução lenta do câncer colorretal. Pequenos pólipos podem levar anos para se transformar em tumores agressivos, dificultando a detecção em consultas de rotina sem exames específicos.
Sintomas exigem atenção redobrada
Médicos recomendam procurar avaliação especializada diante de sinais como sangue nas fezes, alteração persistente do hábito intestinal, fezes em fita ou diarreicas, dor abdominal prolongada e perda de peso sem causa aparente. Reconhecer esses sintomas precocemente é considerado passo decisivo para melhorar a sobrevida.
Apesar da orientação, muitos pacientes jovens ignoram manifestações iniciais. O caso da cantora e apresentadora Preta Gil, morta em julho deste ano, trouxe visibilidade ao tema e reforçou a discussão sobre rastreamento em faixas etárias abaixo dos 50 anos.
Terceiro tipo de câncer mais frequente no país
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima cerca de 45 mil novos casos de tumores de cólon e reto por ano entre 2023 e 2025, tornando o câncer colorretal o terceiro mais incidente no Brasil. Essa alta prevalência, aliada ao crescimento projetado da mortalidade, evidencia um desafio de saúde pública de grande magnitude.
Especialistas lembram que, além do envelhecimento populacional, fatores comportamentais como sedentarismo, dieta pobre em fibras, consumo elevado de carnes processadas e obesidade contribuem para o aumento da incidência em todas as idades.

Imagem: Emily frost via olhardigital.com.br
Necessidade de um programa nacional de rastreamento
Frente ao cenário projetado, os pesquisadores da Fundação do Câncer defendem a criação de um programa nacional voltado ao rastreamento do câncer colorretal. Estratégias similares já demonstraram redução significativa de mortalidade em países que adotam exames regulares.
O rastreio pode ser realizado por meio do teste de sangue oculto nas fezes e da colonoscopia. A recomendação padrão é iniciar o acompanhamento aos 50 anos, mas indivíduos com histórico familiar ou outras condições de risco precisam começar antes, conforme avaliação médica.
Exames simples podem salvar vidas
A coleta de fezes para detecção de sangue microscópico é pouco invasiva, de baixo custo e capaz de apontar a necessidade de investigação adicional. Caso o resultado seja positivo, a colonoscopia — exame que permite visualizar o interior do intestino e retirar pólipos — deve ser agendada.
Dados internacionais demonstram que a remoção precoce de pólipos previne a formação de tumores. Por isso, especialistas reiteram a importância de programas que combinem testagem regular, infraestrutura para colonoscopia e campanhas de conscientização.
Pressão sobre o sistema de saúde
O aumento de 36,3% nas mortes até 2040 representa crescimento expressivo da demanda por atendimento oncológico. Hospitais públicos e privados precisarão ampliar capacidade de diagnóstico, cirurgia, quimioterapia e suporte paliativo para absorver novos casos.
Pesquisadores reforçam que a adoção de medidas preventivas, incluindo promoção de hábitos saudáveis e expansão do rastreamento, pode reduzir custos futuros e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Próximos passos recomendados
A Fundação do Câncer sugere a integração de bases de dados estaduais, implementação de diretrizes nacionais para exames periódicos e formação de equipes multiprofissionais dedicadas à atenção primária. O objetivo é identificar alterações antes que avancem aos estágios críticos destacados no levantamento.
Até que políticas abrangentes sejam implantadas, a orientação é que a população mantenha consultas regulares, discuta histórico familiar com profissionais de saúde e não adie a investigação de sintomas associados ao intestino grosso e ao reto.
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