O Google registrou aumento de mais de 10% no volume global de consultas onde os novos recursos de inteligência artificial estão ativos. A informação foi divulgada por Sundar Pichai durante a apresentação dos resultados do segundo trimestre. O dado rebate previsões de queda de relevância frente a plataformas como ChatGPT e Perplexity.
Integração de IA faz volume de buscas crescer
A companhia passou a exibir respostas sintéticas no topo da página por meio dos AI Overviews. A funcionalidade recorre a modelos generativos para resumir informações de forma direta. Esse formato já se tornou parte da experiência de 2 bilhões de usuários mensais em mais de 200 países.
AI Overviews alcançam 2 bilhões de usuários
Os resumos aparecem em consultas classificadas pelo sistema como passíveis de resposta objetiva. Eles reduzem a necessidade de navegação entre vários sites. Mesmo assim, segundo o Google, o tráfego geral continua em expansão.
AI Mode foca em consultas complexas
Para perguntas elaboradas, a empresa criou o AI Mode, experiência totalmente conversacional. O modo alcançou mais de 100 milhões de usuários ativos mensais nos Estados Unidos e na Índia. A ferramenta mira justamente o nicho que vinha sendo explorado pelo ChatGPT.
Base jovem adere a buscas multimodais
Sundar Pichai ressaltou crescimento expressivo entre usuários mais jovens. Ferramentas como Google Lens e Circle to Search, que permitem pesquisar por imagens, ganham popularidade nesse público. O movimento reforça a estratégia de manter relevância na próxima geração online.
Consultas que misturam texto, foto e até gestos na tela tornaram-se mais comuns. O recurso multimodal ajuda a esclarecer dúvidas que seriam difíceis de formular apenas em palavras. A adoção precoce por jovens sinaliza um futuro promissor para esse formato.
Esse rejuvenescimento da base é visto internamente como vantagem competitiva. Manter usuários na plataforma desde cedo preserva o ecossistema de anúncios. Também assegura que futuras tendências de consumo de informação sejam incorporadas dentro do próprio buscador.
Receita de buscas mantém ritmo de expansão
No segundo trimestre, a Alphabet registrou US$ 54,19 bilhões em receita proveniente de buscas. O montante representa alta de 12% sobre igual período de 2023. O resultado demonstra que a introdução de IA não canibalizou a principal fonte de faturamento.
Anúncios ganham 14% mais conversões
Philipp Schindler informou que campanhas usando as ferramentas de IA Max entregaram em média 14% mais conversões. O dado indica ambiente publicitário mais eficiente com respostas elaboradas por IA. Anunciantes enxergam valor adicional no novo formato.
A melhoria de performance incentiva maiores investimentos em mídia no buscador. Isso cria ciclo de crescimento sustentável para a companhia. O Google, portanto, reforça o posicionamento de parceiro indispensável para o marketing digital.

Imagem: Felipe Alencar via hardware.com.br
A receita publicitária também se beneficia da personalização oferecida pelos modelos generativos. Os sistemas ajustam criativos e lances de forma automática. Esse processo reduz custo e aumenta retorno para as marcas.
Concorrência de chatbots ainda preocupa mercado
Plataformas como ChatGPT e Perplexity atraem usuários interessados em respostas diretas. Esses serviços sintetizam conteúdos de múltiplas fontes, dispensando a tradicional lista de links azuis. O formato poderia desviar tráfego de sites independentes e impactar editores.
O Google, porém, argumenta que sua escala garante maior cobertura de temas e idiomas. A empresa também cita qualidade de dados e infraestrutura global. Esses fatores, segundo executivos, dificultam que concorrentes repliquem a mesma abrangência.
Especialistas acompanham a possibilidade de concentração de informação em poucos agentes. Uma transição rápida para respostas de IA poderia remodelar o consumo de notícias, pesquisas acadêmicas e compras online. O debate envolve publishers, reguladores e usuários.
Próximos passos do Google na monetização de IA
Sundar Pichai afirmou que o foco imediato está na experiência orgânica. O objetivo é expandir utilidade e manter usuários dentro do ecossistema. A monetização direta dos novos recursos deverá ocorrer em fase posterior.
Analistas interpretam a estratégia como forma de evitar fricção durante a adoção. Primeiro, a empresa consolida hábito de busca avançada com IA. Depois, pode inserir formatos comerciais alinhados ao novo comportamento.
O Google, portanto, avança em ritmo próprio para integrar respostas sintéticas, conversação e multimodalidade. Enquanto isso, rivais continuam pressionando a evolução do setor. A corrida por inteligência artificial redefine o modelo de busca, mas, por ora, mantém a gigante de Mountain View no centro da disputa.