Enquanto a maioria das espécies depende de ambientes relativamente amenos, alguns organismos desenvolveram adaptações que permitem viver sob temperaturas, pressões ou escassez de água que seriam letais para outros seres vivos.
Entre tantas estratégias de resistência, cinco animais chamam atenção pela capacidade de suportar cenários que variam do vácuo espacial ao frio antártico, passando pela aridez de desertos e o peso da coluna d’água nos abismos oceânicos.
Animais em ambientes extremos
O tardígrado, invertebrado com 0,1 a 0,5 mm de comprimento, sobrevive a temperaturas inferiores a –200 °C e superiores a 150 °C, além de resistir à radiação, à desidratação total e ao vácuo.
Essa resistência deriva da criptobiose: estado em que o corpo perde quase toda a água, o metabolismo desacelera ao mínimo e as estruturas celulares ficam protegidas até que o ambiente volte a condições favoráveis.
Nas profundezas oceânicas, o peixe-bolha (Psychrolutes marcidus) vive a mais de mil metros da superfície, onde a pressão é dezenas de vezes maior que ao nível do mar e a luz quase não chega.
Seu corpo gelatinoso, sem ossos rígidos, impede o colapso sob pressão e permite flutuar com pouco gasto energético; imóvel, aguarda a passagem de pequenos crustáceos para se alimentar.
No deserto, o camelo permanece dias sem beber água graças à capacidade de reduzir a perda de líquidos, regular a temperatura corporal e recorrer à gordura armazenada na corcova quando precisa de energia.
Narinas que se fecham, cílios espessos que desviam areia e cascos largos que evitam afundar na superfície fofa completam o conjunto de adaptações que garantem longas travessias em terrenos áridos.
Animais que desafiam limites climáticos
O diabo-espinhoso (Moloch horridus), réptil típico das zonas secas da Austrália, possui escamas pontiagudas que oferecem camuflagem e proteção, além de sulcos que conduzem orvalho ou água da chuva diretamente até a boca.
Com essa rede capilar, o animal se hidrata mesmo quando não há fontes líquidas disponíveis, ao mesmo tempo em que regula a temperatura para tolerar a forte oscilação térmica entre o dia quente e a noite fria do deserto.
Na Antártida, o pinguim-imperador enfrenta temperaturas abaixo de –50 °C e ventos que chegam a 200 km/h, protegido por densa camada de penas impermeáveis e espessa reserva de gordura sob a pele.
Durante o inverno, milhares de adultos formam aglomerados compactos, revezando posições para reduzir a perda de calor; na incubação, os machos equilibram os ovos sobre os pés, cobertos por uma dobra de pele que mantém a temperatura adequada.
Essas cinco espécies demonstram que a vida recorre a múltiplas soluções fisiológicas, comportamentais ou estruturais para suportar pressões extremas, evidenciando a diversidade de mecanismos evolutivos presentes no planeta.