A Coca-Cola informou, em relatório de resultados divulgado nesta terça-feira (22), que introduzirá uma versão adoçada com açúcar de cana cultivado nos Estados Unidos, depois de quatro décadas utilizando xarope de milho com alto teor de frutose (HFCS) como padrão no país.
Novo adoçante será açúcar de cana
A companhia detalhou que a fórmula com açúcar fará parte de sua linha regular, não substituindo imediatamente todos os refrigerantes, mas ampliando o portfólio para atender a “agenda contínua de inovação”.
A confirmação veio poucos dias após o ex-presidente Donald Trump afirmar que a bebida voltaria a usar açúcar, declaração que não havia sido endossada pela empresa no momento em que foi feita.
Versões da Coca-Cola adoçadas com sacarose já existem em mercados como o México, onde a legislação e a disponibilidade local de matéria-prima mantiveram a receita clássica.
Nos Estados Unidos, o HFCS começou a ganhar espaço na década de 1970, impulsionado por subsídios federais à produção de milho, alta internacional do preço do açúcar e avanços tecnológicos que baratearam o processamento do xarope.
Impactos do adoçante na saúde
Quimicamente, o açúcar de cana é formado por 50% glicose e 50% frutose combinadas na molécula de sacarose, que precisa ser quebrada pelo organismo antes de ser absorvida.
Já o HFCS passa por um processo enzimático que eleva a concentração de frutose para 42% ou 55%, dependendo da aplicação industrial, mantendo o restante em glicose livre e água.
A maior proporção de frutose torna o xarope mais doce e mais estável, prolongando a vida útil dos produtos e reduzindo custos de produção, fatores que levaram a Coca-Cola a adotar o ingrediente no início dos anos 1980.
Especialistas em saúde pública relacionam o consumo frequente de HFCS, presente em diversos alimentos ultraprocessados, ao aumento de obesidade e distúrbios metabólicos, embora estudos continuem avaliando diferenças específicas entre o xarope e o açúcar tradicional.
Com o lançamento, consumidores norte-americanos terão acesso a uma opção adoçada com sacarose, semelhante à encontrada em mercados latino-americanos, permitindo comparações diretas de sabor e, possivelmente, de resposta metabólica.
A empresa não divulgou mudanças no rótulo nutricional nem previsão de retirada completa do HFCS, destacando que a nova versão complementa, e não substitui, as linhas já existentes.
O anúncio reafirma a estratégia da Coca-Cola de diversificar fórmulas para atender preferências regionais e responder a pressões por ingredientes considerados menos processados, sem alterar a distribuição global de suas fábricas.
Embora a substituição do adoçante possa influenciar características organolépticas da bebida, como doçura e textura, a quantidade total de açúcares adicionados deve permanecer semelhante, mantendo a classificação de refrigerante açucarado.
As primeiras unidades com açúcar de cana deverão chegar às prateleiras dos Estados Unidos nos próximos meses, segundo o cronograma de inovação apresentado no relatório financeiro.