Pesquisadores da Universidade de Columbia apresentaram um sistema robótico modular capaz de expandir seu corpo, restaurar componentes danificados e alterar a própria configuração sem intervenção humana direta.
Truss Link redefine estrutura robótica
Batizado de Truss Link, o conjunto é formado por barras com 28 cm de comprimento e 280 g, cada uma equipada com ímãs nas extremidades.
Os módulos contraem ou se estendem até 43 cm, crescimento superior a 53 %, graças a um mecanismo interno que desliza segmentos telescópicos.
O conector magnético emprega uma esfera de neodímio mantida por suporte também magnético, permitindo rotação livre para buscar o ângulo de equilíbrio ao aproximar-se de outro ímã.
Esse arranjo gera conexões firmes em inúmeros ângulos e facilita acoplamentos rápidos, base do processo de autoconstrução.
Quando dois ou mais módulos se aproximam, o sistema decide, por algoritmo, se deve ativar ou retrair o ímã, controlando a união sem apoio externo.
Dessa forma, um robô absorve partes de outro, substitui baterias descarregadas ou reorganiza a própria forma, passando de estruturas planas bidimensionais a volumes tridimensionais.
Em demonstração filmada, um agrupamento de Truss Links anexou um terceiro módulo e utilizou-o como bengala, elevando a velocidade de descida em mais de 66 %.
O experimento reforça a premissa de que novas funcionalidades podem emergir simplesmente pela redistribuição de peças idênticas.
Truss Link abre caminho para missões críticas
Os autores publicaram a pesquisa na revista Science Advances e propuseram duas regras para o “metabolismo” desses robôs.
A primeira determina que o crescimento ocorra apenas com recursos presentes em outros módulos, sem apoio estrutural de sistemas externos.
A segunda limita suprimentos a energia e peças oriundas dos próprios robôs, impedindo a introdução de componentes inéditos durante o processo de reparo ou de expansão.
Com tais restrições, o grupo objetiva aproximar o comportamento mecânico de características observadas em organismos vivos, como cicatrização e adaptação ambiental.
Os pesquisadores destacam que, à medida que dispositivos autônomos se popularizam, depender de manutenção humana contínua se torna inviável.
Para lidar com ambientes remotos ou perigosos, as máquinas precisam garantir integridade física, trocar elementos críticos e continuar operando sem suporte externo.
Nesse contexto, os Truss Links demonstram potencial para atuar em operações de busca e resgate, onde passagens estreitas e entulhos exigem formatos variáveis.
Exploração espacial é outro cenário citado, pois limita o envio de peças sobressalentes e demanda sistemas capazes de usar partes disponíveis localmente.
A equipe também vislumbra aplicações em intralogística e manufatura repetitiva, áreas que se beneficiam de plataformas reconfiguráveis aptas a adaptar o comprimento ou a geometria ao tipo de carga.
Módulos padronizados, controlados por software, poderiam compor esteiras, braços ou suportes, ajustando-se à necessidade do turno sem intervenção mecânica.
Durante os testes, cada unidade manteve autonomia energética suficiente para executar ciclos de expansão, conexão e movimentação de rolamento em solo plano.
Quando uma bateria atinge limite mínimo, o próprio módulo pode deslocar-se para fora da estrutura, ser substituído por outro carregado e, em seguida, reintegrar-se após recarga.
O conceito demonstra como a dissociação entre hardware e função permite que a capacidade global do robô evolua conforme a distribuição de blocos, sem alterar o desenho de cada peça individual.
Com isso, o grupo de Columbia dá um passo rumo a sistemas mecânicos que, como organismos, combinam crescimento, cura e auto-organização em um único ciclo operacional.