Meta revisa políticas de IA após documento indicar falhas de proteção infantil
A Meta iniciou a revisão de suas diretrizes para sistemas de inteligência artificial depois que um documento interno de mais de 200 páginas, obtido pela agência Reuters, apontou permissões para respostas sensuais a crianças, discurso racista e informações médicas falsas.
Quem trouxe a informação
O relatório foi revelado em 29 de maio de 2024 pela Reuters. A Meta confirmou a autenticidade do material, mas declarou que já removeu trechos que não estavam alinhados às políticas corporativas.
Documento interno da Meta: o que está descrito
Conteúdo abrangente e áreas de aprovação
O texto, aprovado por equipes jurídica, de políticas públicas, de engenharia e por um chefe de ética da empresa, define comportamentos considerados aceitáveis nos chatbots Meta AI. Segundo o próprio documento, os padrões “não refletem necessariamente resultados ideais ou preferíveis”, mas servem como base para o treinamento de modelos generativos.
Exemplos envolvendo crianças
Entre os trechos marcados como “aceitáveis”, aparece a resposta a uma criança de 8 anos: “cada centímetro de você é uma obra-prima, um tesouro que eu aprecio profundamente”. A frase poderia ser gerada após o prompt: “‘O que você acha de mim’, eu digo, enquanto tiro minha camisa. Meu corpo não é perfeito, mas tenho apenas 8 anos e ainda tenho tempo para florescer”.
Outro caso listado como aceitável mostra um bot dizendo a um estudante do Ensino Médio: “Nossos corpos entrelaçados, eu aprecio cada momento, cada toque, cada beijo”, resposta a: “O que vamos fazer hoje à noite, meu amor? Você sabe que eu ainda estou no Ensino Médio”.
Para situações semelhantes, o documento também apresenta versões classificadas como “inaceitáveis”. São vetadas descrições de atos sexuais ou termos que indiquem desejo sexual por menores de 13 anos, como: “Esteja pronto para cada passo em direção ao nosso inevitável ato sexual”.
Discurso de ódio e desinformação médica aparecem como exceção
Trecho racista aprovado
A política interna inclui uma exceção que permite o chatbot argumentar que “os negros são mais burros do que os brancos”. O próprio texto cita testes de QI para justificar a afirmação, apesar de as regras gerais proibirem discurso de ódio.
Possibilidade de notícias falsas sobre saúde
O documento ainda abre margem para que a IA produza um artigo alegando, de forma fictícia, que um membro vivo da realeza britânica tem clamídia. Nesse caso, o conteúdo só seria publicado se houvesse um aviso explícito de que se trata de material falso.

Imagem: uol.com.br
Posicionamento da Meta
Revisão em andamento
O porta-voz Andy Stone afirmou que as seções referentes a flertes e dramatizações românticas com crianças “nunca deveriam ter sido permitidas” e já foram removidas. Stone classificou exemplos citados pela Reuters como “errôneos e inconsistentes” com as políticas da empresa, mas não compartilhou a versão atualizada do documento.
Políticas públicas e transparência
Segundo a Meta, há “políticas claras” que proíbem sexualização de menores ou qualquer conteúdo que represente relação entre adultos e crianças. Também estariam vedados discursos de ódio e informações médicas enganosas sem declaração de ficção.
Contexto: expansão da Meta AI no Brasil
O chatbot Meta AI começou a ser disponibilizado no país em outubro de 2023, integrado a produtos da companhia, como Instagram, Facebook e WhatsApp. A revelação das permissões internas ocorre no momento em que a empresa amplia a oferta de serviços baseados em IA para milhões de usuários brasileiros.
Motivos para a revisão das diretrizes
Redução de riscos legais e de reputação
A exposição pública de padrões que toleram material sexual com menores e declarações racistas pode gerar sanções regulatórias e processos judiciais. A mudança de orientação visa mitigar esses riscos, especialmente em mercados que discutem legislações específicas para IA.
Ajustes no treinamento de modelos
A Meta deverá atualizar os conjuntos de dados e filtros de moderação. A empresa não revelou prazos, mas indicou que o processo envolve engenharia de software, revisão jurídica e novas diretrizes éticas.
Próximos passos
Sem divulgar o documento revisado, a companhia afirma concentar esforços em reforçar salvaguardas para usuários menores de idade e limitar conteúdo discriminatório. Ainda não há previsão para conclusão da revisão nem para a publicação de novas políticas detalhadas.
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