WhatsApp x Moscou: disputa sobre bloqueio de chamadas e criptografia
O WhatsApp afirmou que o governo da Rússia está tentando impedir que mais de 100 milhões de cidadãos usem comunicação criptografada após a decisão de restringir chamadas dentro do aplicativo.
A medida, anunciada por Moscou na quarta-feira, atinge também o Telegram, que igualmente permite ligações por voz e vídeo. Mensagens de texto e áudios em ambas as plataformas continuam funcionando por enquanto.
Quem são os envolvidos
A restrição foi comunicada pelo regulador russo de comunicações, que declarou ter iniciado “limitações técnicas” contra WhatsApp, pertencente à Meta, e Telegram, controlado por Pavel Durov. A justificativa oficial é a falta de compartilhamento de dados com autoridades em investigações de fraude e terrorismo.
Em resposta, o WhatsApp disse que manterá esforços para garantir a disponibilidade de serviços criptografados no país. O Telegram declarou que combate conteúdos ilícitos com ajuda de moderadores e ferramentas de inteligência artificial, removendo milhões de mensagens danosas diariamente.
O que Moscou restringiu e como isso afeta os usuários
Segundo o comunicado russo, chamadas de voz e vídeo feitas por meio de redes móveis ou Wi-Fi foram parcialmente bloqueadas. Não há, até o momento, impacto no envio de textos, fotos ou arquivos.
A Rússia vem reforçando controles sobre aplicativos estrangeiros desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Naquele período, o Kremlin bloqueou Facebook e Instagram, reduziu a velocidade do YouTube e aplicou centenas de multas a empresas que se recusaram a cumprir exigências de conteúdo e armazenamento de dados em servidores locais.
Dimensão do público afetado
Dados da Mediascope mostram que, em julho de 2025, o WhatsApp alcançou 97,3 milhões de usuários mensais na Rússia. No mesmo mês, o Telegram registrou 90,8 milhões, enquanto o VK Messenger, controlado pela estatal VK, chegou a 17,9 milhões.
Ao atingir as chamadas de WhatsApp e Telegram, o governo interfere diretamente em dois serviços com alcance combinado de quase toda a população conectada do país.
Por que a Rússia pressiona plataformas estrangeiras
Autoridades russas afirmam que as empresas não fornecem informações solicitadas em investigações. A legislação do país exige que provedores cooperem em casos de delito e armazenem dados de usuários em território nacional.

Imagem: uol.com.br
Além disso, Moscou tem prioridade em expandir redes sociais desenvolvidas domesticamente, como VKontakte e Rutube, para reduzir dependência de serviços ocidentais.
A resposta das empresas
O WhatsApp reiterou que a criptografia de ponta a ponta protege a privacidade das conversas e impede o acesso de terceiros, inclusive governos. A empresa classificou a restrição como tentativa de violar “o direito das pessoas à comunicação segura”.
O Telegram, embora sujeito às mesmas limitações, destacou que remove conteúdos que incitam sabotagem, violência ou fraude, buscando atender a regras internacionais de moderação.
Como a medida se insere no histórico de controle digital russo
Desde 2022, bloqueios, multas e exigências de dados passaram a acompanhar a guerra na Ucrânia e o cerco a fontes de informação estrangeiras. A pressão sobre Meta, Alphabet e outras big techs provocou redução de serviços no país e migração de usuários para plataformas locais.
A restrição das chamadas amplia essa estratégia ao atingir funcionalidades populares dentro dos aplicativos, mas sem causar interrupção total de mensagens, possivelmente para evitar protestos imediatos de usuários.
Próximos passos possíveis
Não há prazo oficial para revisão ou ampliação das limitações. O WhatsApp promete continuar operando no modelo atual e buscar opções técnicas para contornar bloqueios, enquanto o Telegram mantém diálogo com reguladores e reforça moderação automatizada.
Analistas veem a ação de Moscou como mais um teste de força entre o governo e empresas estrangeiras, com impacto direto na forma como milhões de russos se comunicam diariamente.
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