Terras raras: Brasil torna-se peça-chave no embate entre Estados Unidos e China
No rastro das tarifas anunciadas pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, o interesse dos Estados Unidos nas reservas brasileiras de terras raras ganhou destaque. O país abriga a segunda maior concentração mundial desses 17 elementos, perdendo apenas para a China, responsável por cerca de 90% da extração e do refinamento.
A relevância desse grupo de minerais está associada à produção de chips, sistemas de inteligência artificial e equipamentos para a transição energética. Por isso, Washington vê no território brasileiro uma possível alternativa à dependência de Pequim.
Quem participa da disputa
• China: líder em reservas, processamento e exportação.
• Estados Unidos: busca diversificar fornecedores.
• Brasil: detentor de grandes jazidas e tecnologia ainda em fase piloto.
Por que as terras raras são estratégicas para três indústrias
Durante o podcast Deu Tilt, os colunistas Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz explicaram que as terras raras sustentam três cadeias industriais consideradas vitais:
Inteligência artificial
As placas de vídeo e processadores usados em algoritmos avançados dependem de ímãs permanentes produzidos a partir desses minerais.
Fabricação de chips
Semicondutores requerem elementos como neodímio e praseodímio para aumentar desempenho e reduzir consumo de energia.
Transição energética
Carros elétricos, turbinas eólicas e sistemas de armazenamento usam ímãs superpotentes para converter e armazenar energia, ampliando a demanda global.
Como o Brasil se move para dominar a cadeia produtiva
Atualmente, parte do material extraído em território nacional é enviada à China para ser refinado, pois o país asiático controla boa parte da tecnologia de processamento em escala comercial.
Para mudar esse cenário, o governo federal lançou em julho de 2024 o projeto MagBrás. A iniciativa pretende internalizar toda a cadeia produtiva de ímãs permanentes, da mina à reciclagem no fim da vida útil dos produtos.
Política pública em discussão
Segundo o Ministério de Minas e Energia, uma política direcionada a minerais críticos deve ser apresentada ainda em 2024. A meta é garantir que a riqueza gerada fique no país, ao mesmo tempo em que se estipulam parâmetros ambientais e de sustentabilidade.

Imagem: uol.com.br
Onde estão as principais jazidas brasileiras de terras raras
• Poços de Caldas (MG): considerada uma das maiores jazidas nacionais, vem atraindo centenas de pedidos de pesquisa, inclusive de empresas estrangeiras.
• Goiás e Tocantins: depósitos associados a fosfatos e outros minerais.
• Bahia: ocorrência em regiões de rochas alcalinas.
• Interior do Amazonas: áreas de pesquisa em estágio inicial.
Capacidade tecnológica atual
De acordo com André Nunis, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o Brasil domina processos em escala laboratorial e piloto, mas ainda precisa evoluir para a produção comercial. “Precisamos de tempo até comercializar esses materiais”, afirmou.
Quando a geopolítica entra em cena
A utilização de terras raras como ferramenta de pressão internacional ficou evidente em 2010, quando a China restringiu a exportação para o Japão durante uma disputa territorial. A interrupção de sete semanas paralisou fábricas japonesas e ilustrou o poder de barganha de Pequim.
Para os Estados Unidos, a dependência atual — estimada em 15% da produção mundial — representa risco à estratégia de reindustrialização com foco em tecnologia de ponta. Segundo Diogo Cortiz, a Casa Branca precisa de novos fornecedores para reduzir essa vulnerabilidade.
Sustentabilidade e impacto social
Cortiz e Gomes destacam que o Brasil tem oportunidade de estabelecer parâmetros ambientais rígidos para evitar problemas enfrentados por comunidades chinesas em áreas de mineração. Isso inclui planos de gestão de rejeitos e reciclagem de ímãs ao fim do ciclo de vida.
Próximos passos para o Brasil no mercado de terras raras
• Implantar a política nacional de minerais críticos prevista para 2024.
• Avançar em plantas de processamento em escala industrial.
• Atrair investimentos para projetos como o MagBrás.
• Garantir transparência e monitoramento ambiental em todas as fases de produção.
Com a necessidade global de componentes estratégicos crescendo, o Brasil encontra-se em posição de negociar com grandes potências e desenvolver uma cadeia de valor interna. O desafio é equilibrar ganho econômico, sustentabilidade e soberania tecnológica.
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